Por dentro da África
O presidente da África do Sul anunciou a sua renúncia na noite desta quarta-feira (14). A decisão ocorreu diante da pressão do Congresso Nacional Africano (CNA), partido que governa a África do Sul desde 1994. No posto há 9 anos, Jacob Zuma colecionava centenas de denúncias de corrupção.
Na última terça-feira, o partido deu 48 horas para que Zuma apresentasse sua demissão do cargo. Caso ele se recusasse, o CNA levaria até o Parlamento uma *moção de censura. O vice-presidente, Cyril Ramaphosa, que assumiu a liderança do partido em dezembro, permanecerá no cargo até as eleições de 2019.
Em seu discurso, Zuma agradeceu ao partido pela luta democrática e relembrou o histórico de segregação racial do país. “Eu respeito a luta do CNA contra os séculos de brutalidade das minorias brancas, cujas relíquias permanecem hoje e continuam a ser enraizadas em todos os modos para garantir a sobrevivência contínua do privilégio dos brancos”.
Jacob Zuma foi eleito em 2009 e reeleito em 2014, após a vitória do CNA. O sul-africano é acusado de corrupção, estelionato e de prejudicar a economia nacional ao favorecer interesses pessoais de empresários.
Em agosto, uma grande marcha pelo país pediu a saída do presidente. Por dentro da África esteve presente. Leia aqui e assista a cobertura de Thathiana Gurgel
*No sistema parlamentarista, a moção de censura (ou desconfiança) é uma proposta parlamentar apresentada pela oposição com o objetivo de constranger e tirar o presidente do poder. Ela é aprovada ou rejeitada por meio de votação e, caso aprovada, o governo é obrigado a renunciar ou a pedir a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais. No sistema presidencialista a moção de censura pode ser proposta e votada, mas possui representatividade simbólica, apenas.