Por André Carlos Zorzi, Por dentro da África
A camisa pesou para a definição dos finalistas da Copa Africana de Nações deste ano: Camarões e Egito. Mesmo jogando pior que a Burkina Faso na maior parte do tempo, a equipe do Egito conseguiu uma heróica virada nos pênaltis, e, após sete anos, retorna a uma final continental, em busca da oitava taça para sua coleção.
Camarões, por sua vez, após chegar às semi finais sem convencer, conseguiu uma grande exibição diante dos favoritos ganeses e poderá chegar ao quinto título no domingo.
As duas equipes já se enfrentaram na finalíssima outras duas vezes, em 2008 e 1986. Em ambas, os egípcios saíram com a taça. Somando todos os confrontos entre as equipes na história da CAN, o Egito leva vantagem, com quatro vitórias, diante de três do Camarões, além de dois empates.
Confira abaixo todos os confrontos entre as equipes válidos pela competição:
2010 – Egito 3 x 1 Camarões – Quartas de Final (Prorrogação)
2008 – Egito 1 x 0 Camarões – Final
2008 – Egito 4 x 2 Camarões – 1ª fase
2004 – Egito 0 x 0 Camarões – 1ª fase
2002 – Egito 0 x 1 Camarões – Quartas de Final
1996 – Egito 1 x 2 Camarões – 1ª Fase
1988 – Egito 0 x 1 Camarões – 1ª fase
1986 – Egito (5) 0 x 0 (4) Camarões – Final (Pênaltis)
1984 – Egito 1 x 0 Camarões – 1ª Fase
3º LUGAR
A disputa de 3º lugar deve significar mais para Burkina Faso do que para Gana, que já está acostumada a chegar longe: nas últimas cinco edições, disputaram a final em duas, e a 3ª posição em três, vencendo uma e perdendo as outras duas, para o Mali.
Os burquinenses, por sua vez, chegaram à final em 2013. Antes disso, haviam chegado entre os quatro primeiros pela última vez em 1998, quando receberam o torneio.
ARTILHARIA
A destacar, fica a possibilidade de Bancé e Nakoulma (Burkina), André Ayew, Mohammed Salah (Egito) e Ngadeu (Camarões) se tornarem artilheiros do torneio, uma vez que cada um conta com dois gols.
Kabananga, que atualmente ocupa a primeira posição, marcou somente três, e seu time, o Congo-Kinshasa, já deu adeus à competição.
OS JOGOS
Egito (4) 1 x 1 (3) Burkina Faso
O jogo começou com os burquinenses tomando a iniciativa ofensiva. Após algumas chegadas, o primeiro chute de qualidade veio aos 7’. Bertrand Traoré apareceu pelo lado direito do campo e cruzou a bola para a área. Nakoulma disputou o lance, atrapalhando o goleiro El Hadary, que perigosamente espalmou a bola para a frente. Ela sobrou para Blati Touré, que bateu de primeira, da entrada da área. O goleiro, porém, se redimiu e realizou boa defesa.
O Egito conseguiu sua primeira boa chance aos 17’, quando Trezeguet recebeu bola pela esquerda, e chutou forte, de fora da área, próximo à trave.
Aos 24’, o atacante Bancé demonstrou bastante vontade em um lance, quando recebeu bola pelo alto, dentro da grande área. De costas para o gol e marcado corpo-a-corpo por Hegazy, tentou dominar a bola no peito, e em seguida na cabeça. Mesmo sem espaço, arriscou uma bicicleta, que passou longe do gol.
O jogo seguia disputado, com a Burkina chegando mais à frente. O Egito, por sua vez, chegava menos, mas quando aparecia no campo de ataque, fazia jogadas mais elaboradas.
Aos 34’, Nekoulma recebeu a bola de Bancé e chutou de longe, sem direção. Três minutos depois, após boa troca de passes do time do Egito, Kahraba ficou com a bola na entrada da meia-lua, ajeitou e chutou. A bola fez curva, e forçou Koffi a realizar boa defesa.
No segundo tempo, a primeira oportunidade surgiu logo aos 3’, em falta na entrada da área, pela direita, para a Burkina. Bertrand Traoré mandou a bola em direção ao gol, para boa defesa de El Hadary.
Aos 11’, Nekoulma recebeu a bola na intermediária do campo ofensivo, e partiu ao ataque. Ele passou por um adversário, e efetuou belo drible sobre outro na entrada da área. Quase sem ângulo, arriscou um chute, que ainda foi defendido pelo goleiro.
Aos 20’ de jogo, o Egito chegou à frente, novamente após boa troca de passes. El Mohamady apareceu pela direita e cruzou a bola para dentro da área. Kahraba dominou e ajeitou para Salah, que chegava pela entrada da área, chutar e abrir o placar. 1 x 0.
A vantagem egípcia não representava bem o que havia sido o jogo até então, e os burquinenses continuaram se empenhando a chegar ao gol. À sua frente, porém, estava a melhor defesa do torneio, que não havia sofrido nenhum gol até então.
Aos 27’, porém, a Burkina criou um belo lance. Kaboré apareceu pelo lado direito do campo, e tocou para o lateral Yago, que lhe retornou a bola. Kaboré devolveu de calcanhar. Yago deixou para Blati Touré e adentrou a área, para em seguida receber o passe novamente, girar o corpo e seguir até a linha de fundo, marcado por um egípcio, e tocar para trás, novamente para Kaboré, que apareceu dentro da área e cruzou a bola para Bancé, na entrada da pequena área. O centro-avante dominou e chutou de direita, forte e reto, estufando as redes. 1 x 1.
Aos 36’, Nekoulma construiu boa jogada individual após receber a bola pela intermediária, à esquerda. Marcado por El Mohamady, conseguiu avançar até as proximidades da grande área, pela lateral, e chutou forte, para boa defesa do goleiro rival. Dois minutos depois, o Egito arriscou com Warda, de fora da área, pela direita, mas a bola foi para fora. Aos 45’, Bancé cobrou falta na entrada da área do Egito. A bola foi forte e rasteira, para defesa do goleiro.
O árbitro sinalizou 3’ de acréscimo, e aos 47’ e meio, a Burkina quase definiu sua classificação, quando Diawara apareceu pela direita e tentou cruzar a bola. Ela desviou na zaga egípcia, que afastou o perigo. Um burquinense, porém, a interceptou na intermediária e deu passe em profundidade para o próprio Diawara, que colocou o pé na bola, quase encobrindo o goleiro El Hadary, que precisou se esticar para fazer grande defesa, com a mão direita. Na cobrança de escanteio, o goleiro espalmou para fora.
Na prorrogação, as duas equipes sentiram os sinais do cansaço, e não procuraram arriscar muito. Mesmo assim, a Burkina seguiu dominando.
No primeiro tempo, a equipe buscou alguns cruzamentos, pouco efetivos, e tentou chutes por meio de Bancé e Nakoulma, em vão.
Na segunda metade do tempo extra, o Egito praticamente não chegou ao ataque, somente em um lance aos 14’ e meio, quando Salah apareceu próximo à grande área, e foi supostamente derrubado. Apesar da reclamação, a arbitragem nada marcou.
Os burquinenses por sua vez, tiveram algumas boas chegadas, apesar de pouco efetivas. Aos 2’, Diawara, dentro da área, tocou para Nekoulma, que chutou alto, longe do gol. No último minuto de jogo, após tentativa de jogada pela direita, a bola sobrou para Betrand Traoré, que partiu da intermediária e driblou três adversários. Na grande área, porém, haviam oito atletas egípcios, e apenas um companheiro seu, dificultando o lance, que não deu em nada.
Na primeira cobrança, El Said chutou no canto esquerdo, rasteiro. O goleiro Koffi se esticou e resvalou na bola, o suficiente para que ela batesse na trave. Na sequência, os jogadores de ambas as equipes foram convertendo suas penalidades, até o momento em que faltavam duas cobranças para a Burkina, e apenas uma para o Egito.
O goleiro Herve Koffi foi de herói a vilão quando partiu para a cobrança, chutando à meia altura, no lado direito do gol. El Hadary fez excelente defesa com a mão direita. A responsabilidade egípcia recaiu toda sobre Warda, o último cobrador, que bateu firme e rasteiro, à esquerda, e inverteu a vantagem. O placar marcava 4 x 3 para o Egito, com uma cobrança a ser feita pela Burkina.
Bertrand Traoré foi para a cobrança. Caso a bola entrasse, a cobrança seguiria para as alternadas, caso contrário, seria triunfo dos egípcios. Ele bateu de perna esquerda, à meia altura, no canto direito do gol, um pouco mais forte que seu companheiro.
El Hadary conseguiu defender novamente, e partiu eufórico para comemorar com seus companheiros. Após três edições sem sequer se classificar para o torneio, a seleção do Egito volta a uma decisão continental.
Egito x Burkina Faso
Chutes (a gol):
24 (10) x 6 (3)
Posse de bola:
39% x 61%
Escanteios:
3 x 12
Faltas cometidas:
16 x 17
Melhor jogador da partida: El Hadary (Egito)
Camarões 2 x 0 Gana
Os camaroneses começaram o jogo mais ligados que a equipe de Gana, que contava com atletas mais experientes no torneio. Após algumas chegadas à frente dos ganeses nos primeiros 5’, nos 20’ seguintes, o que se viu foi um domínio camaronês. No restante do primeiro tempo, os ganeses voltaram a dominar, assim como no início do segundo. Dali ao fim, os camaroneses retomaram as jogadas ofensivas e se saíram melhor.
Aos 21’, Fai, do Camarões, apareceu pela direita e cruzou para a entrada da pequena área. Ndip resvalou de cabeça e forçou o goleiro Razak a defender “no susto”, espalmando para a frente, para um zagueiro tirar em seguida. Porém, já estava marcado o impedimento no lance.
Na sequência, Gana voltou a se encontrar em campo. Aos 27’, Wakaso recebeu a bola no círculo central e chutou de muito longe, quase do meio-campo. A bola passou rasteira, para fora.
Aos 39’, a melhor oportunidade da etapa inicial: após jogada iniciada no campo de defesa, Acquah tocou para Afful, pela lateral-direita da intermediária do campo ofensivo. Ele passou a bola para Atsu, que fez lançamento preciso pelo alto para Jordan Ayew. Marcado por um camaronês, que caiu e ficou para trás, o atacante conseguiu chutar da lateral da pequena área, e a bola foi rasteira, para fora.
Aos 42’, nova boa jogada de Atsu, que bateu da intermediária, de fora da área. O zagueiro Teikeu desviou a bola, que foi fraca, em direção ao próprio gol, porém, sem chances de enganar o goleiro Ondoa.
No segundo tempo, os ganeses tiveram a primeira chance, quando Partey chutou a bola, que desviou em Djoum e foi para tiro de meta. A bola bateu no tronco do jogador, próximo ao seu cotovelo, o que fez com que ganeses reclamassem de uma penalidade, que não houve. O juiz mandou seguir.
Aos 6’, o ganês Frank apareceu desmarcado, pelo lado direito da intermediária de ataque, após receber ótimo passe vindo do campo de defesa. Bassogog arrancou para fazer a marcação, e o ganês arriscou um chute / cruzamento de qualquer jeito, mandando a bola para fora.
Aos 15’, Wakaso partiu para cobrança de falta de longe, pela direita. Ele bateu forte, e a bola fez bastante curva, forçando Ondoa a realizar grande defesa. Pouco depois, a equipe conseguiu outro chute com Partey, de fora da área.
Aos 18’, Moukandjo conseguiu chutar de dentro da área. Oito minutos depois, falta pelo lado direito para Camarões. Moukandjo cruzou para a área, e o ganês Boye tentou afastar de cabeça, mas acabou apenas tirando do goleiro Razak, e a bola sobrou nos pés de Ngadeu, pela entrada da lateral da pequena área, à esquerda. Ele chutou a bola para o alto, abrindo o placar. 1 x 0.
Aos 47’, Gana partia para o desespero no campo de ataque. Após cruzamento mal-sucedido, a zaga camaronesa desviou, e a bola sobrou para Aboubakar, pelo lado esquerdo da intermediária defensiva. Ele rapidamente tocou a bola para Bassogog, que vinha pela direita, próximo ao meio-campo. Sozinho, ele saiu em disparada, adentrou a grande área e tocou na saída do goleiro, fechando o placar e garantindo a vaga na final. 2 x 0.
Camarões 2 x 0 Gana
Chutes (a gol):
12 (4) x 10 (2)
Posse de bola:
49% x 51%
Escanteios:
4 x 10
Faltas cometidas:
22 x 12
Melhor jogador da partida: Bassogog (Camarões)