Natalia da Luz, Por dentro da África
Rio – Para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, Angola trouxe 26 atletas de sete esportes diferentes como handebol, atletismo e vela. A nação africana estreou nas Olimpíadas em 1980, em Moscou, e aqui, no primeiro país lusófono a sediar os Jogos Olímpicos, os atletas defenderam a bandeira de Angola no mar, na piscina, na quadra, no tatame e nos estandes de tiro esportivo. O Por dentro da África conversou com alguns deles na Vila dos Atletas.
-Essa experiência foi, realmente, maravilhosa para todos nós, mas vale lembrar que houve uma queda desde a nossa classificação, na África do Sul. Conseguimos a nossa classificação em janeiro deste ano, mas, depois disso, não fomos para os campeonatos americanos ou europeus. Então, acredito que, em vez de andar para frente, voltamos alguns passos – disse ao Por dentro da África o velejador Matias Montinho.
O atleta conta que, quando estava treinando em Luanda, parecia que a equipe estava se preparando bem para o cenário e as condições do Rio, mas, quando chegaram, havia muito vento.
-O vento chegou a rasgar a vela porque estava bem acima do esperado. Desde os 16 anos que eu sonho com isso. Eu conheci muita gente. Em Angola, eu recebi muitos elogios e críticas e penso que, daqui para frente, é trabalhar para Tóquio. Lá estarei mais em forma para dar o meu melhor – completou o atleta.
Matias, de 26 anos, começou a praticar vela ainda na infância, com 8 anos, já Fernando Paixão, que faz dupla com ele, começou aos 19 anos e aprendeu muito rápido. Aos 25, ele chegou em sua primeira Olimpíada.
-Eu nasci em um município onde o esporte é o futebol. Depois de muito tempo, apresentaram-me a vela, e foi aí que comecei a treinar e a fazer dupla com Matias. Nessa nossa primeira Olimpíada, realmente, o mar fez toda a diferença aqui. Nós nos preparamos para 15 nós e quando chegamos estava 26 nós, passou dos 35 nós – detalhou o atleta que, antes dos Jogos, ficou entre os 26 melhores do mundo.
Paixão lembrou que não conquistou o resultado que esperava, mas a oportunidade de estar entre os melhores do mundo deu a ele muito estímulo.
Também na vela, na classe Laser, com barcos tripulados por apenas um velejador, Manuel Lelo, que já esteve em muitos torneios internacionais, ressalta que as Olimpíadas do Rio foram o auge de sua carreira.
-Esse é um momento único e muito diferente. Achei muito importante trocar experiências com outros velejadores. Toda a vivência durante esse período foi muito agradável. Eu espero poder retribuir o que eu experimentei aqui para outros atletas – contou Manuel que tem como ídolo o brasileiro Robert Scheidt.
Representante dos 100 metros femininos, Liliana Neto, de 19 anos, foi a única angolana no atletismo. Antes do Rio, ela esteve no Mundial de Atletismo na Polônia, em julho.
-Como era a minha primeira Olimpíada, eu não vim com grandes expectativas, mas, claro, com o objetivo de dar o meu máximo. O fato de estar aqui diz muito para todos nós. Nossa vida é treino, estudo, casa. Essa é a nossa rotina. Muitas pessoas não entendem… Essa foi a realização de um sonho, agora vou trabalhar para os próximos jogos – completou Liliana.
Na categoria dos 100 metros masculinos, Hermenegildo foi o escolhido para representar Angola. O atleta tinha ideia de bater seu recorde, feito que ele não conseguiu, mas ainda não desistiu.
-Como eu estive nos Jogos da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), em julho, eu não tive muito tempo para me preparar. Eu sabia que seria muito difícil conquistar uma medalha. O mais importante era representar o meu país. Eu fiquei muito feliz quando Angola me escolheu. Eu vi o Bolt, vi todos eles correrem, e foi um espetáculo. Poder ver esses maiores do mundo, observar todos detalhes, tudo isso foi maravilhoso.