André Carlos Zorzi, Por dentro da África
(estudante de jornalismo da PUC-SP)
São Paulo – As críticas à falta de emoção da fase de grupos da competição foram por água abaixo após o término das quartas de final.
Foram 16 gols marcados (média de 4 por partida) e duas viradas históricas, com direito a gol de pênalti no último minuto em uma delas e três gols relâmpago nos 15 minutos finais da outra, além de dois memoráveis gols, marcados por Javier Balboa de falta, e por Atsu de fora da área, em lances que merecem ser vistos e revistos .
Há um enorme favoritismo para Gana e Costa do Marfim nas semi finais, duas equipes que no papel contam com elencos muito mais experientes e bem preparados em relação a seus rivais.
Confira o guia sobre a competição produzido pelo colaborador André Carlos Zorzi – Guia da CAN 2015 – Portal Africano de Futebol
A primeira enfrentará os donos da casa, que vêm fazendo uma campanha excelente para suas pretensões, apesar de que isso deve muito ao fato de terem caído em um grupo fácil, além de serem auxiliados pela arbitragem contra a Tunísia. Já os marfinenses enfrentarão o vencedor do duelo entre Congos, outra equipe que ainda não enfrentou um adversário de grande nível na competição.
Congo-Brazzaville 2 x 4 República Democrática do Congo
O jogo de abertura da 2ª fase foi caracterizado por dois tempos extremamente distintos: O primeiro, sonolento e de poucas chances criadas, e o segundo de pura emoção do começo ao fim.
O Congo-Brazzaville abriu o placar dez minutos da etapa complementar, com gol de Doré desviando cobrança de falta, e o ampliou após seis minutos, pelos pés de Bifouma em lance de consecutivas falhas da zaga rival.
Os democratas não desanimaram e a virada histórica começou a se concretizar apenas três minutos depois, com o desconto de Mbokani. A pressão ofensiva continuou, e aos 30’ Bokila empatou, para Mpela colocá-los à frente no placar aos 36’ e já nos acréscimos Mbokani marcar seu segundo tento na partida, enterrando de vez as esperanças do rival.
Guiné Equatorial 2 x 1 Tunísia
A proposta tunisiana de gastar o tempo era clara desde o início, com inúmeros passes laterais no campo defensivo e demora para cobrar faltas e escanteios. Após um primeiro tempo quase sem chutes, as equipes começaram a arriscar mais na etapa complementar, ainda que o jogo tenha se mantido abaixo das expectativas. Aos 25’, Akaichi abriu o placar, fazendo com que os tunisianos tentassem amarrar ainda mais o jogo, e forçando os guinéu-equatorianos a se lançarem ao campo ofensivo. Quando tudo parecia definido, o árbitro marcou um pênalti extremamente duvidoso e contestado, cometido pelo zagueiro Mathlouthi em cima de Ivan Bolado, já nos acréscimos. Vale lembrar que minutos antes, já havia errado ao não expulsar um tunisiano que cometeu entrada violenta.
Javier Balboa, o homem das bolas paradas da Guiné, cobrou a penalidade e empatou a partida, forçando prorrogação. Ainda na primeira etapa do tempo extra, falta na entrada da área aos 12’, cobrada com maestria por Balboa, virando o placar em favor dos donos da casa, em um dos mais bonitos gols marcados em toda a competição, com um chute forte no ângulo esquerdo do goleiro.
A insatisfação com a penalidade foi tamanha que o presidente da federação tunisiana, Wadie Jary, renunciou ao cargo que ocupava no Comitê Organizador da Copa Africana de Nações.
Gana 3 x 0 Guiné-Conacri
Na partida de maior discrepância técnica entre as equipes, os guineenses não conseguiram ameaçar os ganeses em nenhum momento da partida. Logo aos três minutos, Atsu abriu o placar, definindo como seria o panorama do jogo. Pouco antes do intervalo, Appiah ampliou, diminuindo ainda mais as esperanças da Guiné. Administrando o jogo, Gana ainda marcou o terceiro, num dos gols mais bonitos do torneio, marcado por Atsu de fora da área.
À frente no placar ao longo de toda a partida, os ganeses não precisaram se preocupar com muitos chutes ou posse de bola. No último lance, o goleiro da Guiné ainda foi expulso por falta próxima à grande área.
Costa do Marfim 3 x 1 Argélia
O jogo mais esperado desta fase acabou sendo disputado em alto nível. Ambas as equipes criaram ótimas oportunidades, e os argelinos por diversas vezes não chegaram ao empate graças ao goleiro Gbohouo.
A partida manteve-se em aberto do início ao fim, com os marfinenses saindo à frente com gol de Bony aos 26’ do primeiro tempo. Seis minutos após a volta do intervalo, Soudani empatou a partida para os argelinos, e Bony novamente pôs sua equipe à frente aos 23’ da etapa complementar. Os dois lados continuaram criando chances, para que apenas aos 49’, já num dos últimos lances de jogo, Gervinho, voltando de suspensão, ampliasse o marcador.
Por dentro da África