André Carlos Zorzi, Por dentro da África
(estudante de jornalismo da PUC-SP)
São Paulo – A ausência de surpresas nos resultados das semifinais fez com que tenhamos uma reedição da final de 1992 no derradeiro jogo da competição. Na ocasião, após um empate sem gols, os marfinenses saíram vitoriosos nas cobranças de pênaltis, pelo placar de 11 x 10, em seu último título conquistado. Os ganeses por sua vez, não levantam a taça desde 1982.
O destaque triste da rodada fica para a atitude dos torcedores da Guiné Equatorial, que desde o primeiro tempo já atiravam objetos no gramado, principalmente garrafas plásticas. Aos 37’ da etapa final, a organização considerou que a torcida de Gana, concentrada em um único ponto das arquibancadas, corria ameaça de violência por parte dos donos da casa e resolveu alocá-la dentro de campo, atrás de um dos gols. O que se seguiu foi uma indefinição de quase 40 minutos para que o juiz desse apenas mais três minutos de jogo, nos quais pouco ou quase nada aconteceu, encerrando então a partida.
Confira o guia sobre a competição produzido pelo colaborador André Carlos Zorzi – Guia da CAN 2015 – Portal Africano de Futebol
Final
A decisão une duas equipes que, apesar de serem extremamente badaladas e respeitadas ao longo dos últimos 10 anos, não conseguiram conquistar nenhum título importante com suas boas gerações. Gana, por exemplo, chega à sua quinta participação consecutiva terminando entre os quatro melhores, enquanto os marfinenses chegam à sua terceira final do torneio desde 2006.
A tendência é de que a partida seja extremamente equilibrada e disputada. Gana leva um ligeiro favoritismo por ter apresentado um futebol mais convincente ao longo da competição. Porém, ambas possuem campanhas semelhantes: a Costa do Marfim permanece invicta, com 9 gols pró e 5 contra, enquanto os ganeses perderam na estreia da competição e engataram apenas vitórias na sequência, anotando 10 gols pró e apenas 3 contra. Gyan Asamoah, astro ganês que ficou fora da semi final por conta de uma lesão, possivelmente não entrará em campo também na final, sendo o principal desfalque.
Consolação
Para a disputa de 3º lugar espera-se um jogo aberto, até mesmo pela média de 3,1 gols marcados na partida ao longo da história da competição. O jogo marcará a despedida com a camisa da seleção do lendário goleiro e capitão Kidiaba, que após o término da competição restringirá suas atividades apenas a seu clube, o Mazembe. Além disso, Javier Balboa (Guiné Equatorial) e Mbokani (R.D. do Congo) fazem parte do grupo dos cinco melhores marcadores da Copa até o momento, com três tentos cada, e podem aproveitar esta última oportunidade para sacramentarem a artilharia isolada.
Confira como foram as partidas:
Costa do Marfim 3 x 1 República Democrática do Congo
Jogo bastante parelho no que diz respeito ao número de chutes, posse de bola e faltas cometidas dos dois lados. Porém, a supremacia técnica marfinense e a falta de pontaria dos jogadores da R. D. do Congo não deram margem a surpresas ao longo da partida.
Aos 20’, o melhor jogador do continente no momento, Yaya Touré, acertou um belo chute da entrada da área e abriu o placar, para que quatro minutos depois Mbokani empatasse cobrando pênalti, originado num lance duvidoso, no qual a bola bateu na mão do zagueiro marfinense aparentemente sem intenção. Gervinho pôs a Costa do Marfim à frente novamente ainda antes do final do primeiro tempo, aos 41’, e aos 23’ da etapa complementar Kanon ampliou e deu números finais à partida, sem que os classificados precisassem se esforçar muito para manter o resultado.
Gana 3 x 0 Guiné Equatorial
Em um primeiro tempo que chamou atenção pela falta de pulso do árbitro, revoltando jogadores e torcida da Guiné Equatorial por interromper um ataque dos donos da casa (que provocou um contestado pênalti para os ganeses aos 42’), a equipe de Gana demonstrou sua superioridade técnica aproveitando-se principalmente de contra-ataques.
No lance da penalidade, Appiah adentrou a grande área sozinho e foi derrubado pelo goleiro Ovono, que tocou primeiramente a bola com as mãos, derrubando o atacante com as pernas. Jordan Ayew fez cobrança no centro do gol e abriu o placar, para poucos minutos depois, já nos acréscimos da etapa inicial, Atsu sair em arrancada pela esquerda em bom contra-ataque e passar a bola para Mubarak Wakaso ampliar, anotando o gol número 1500 da história da competição.
Na volta do intervalo, os ganeses mantiveram o estilo tranquilo de jogo e administraram o resultado, sem sofrer grandes sustos, para aos 30’, após Appiah receber a bola e tirar do goleiro pelo lado esquerdo da grande área, tocando a bola para André Ayew sacramentar a classificação da equipe à grande final. Após sete minutos, deu-se início à confusão citada anteriormente.
Por dentro da África