Por André Carlos Zorzi, Por dentro da África
Apesar de ter nascido na França, Benjamin Boukpeti decidiu competir esportivamente com sua nacionalidade togolesa, obtida por conta de sua origem paterna. Disputou provas de canoagem na categoria Slalom (disputada em corredeira, com percurso delimitado por balizas, pelas quais os esportistas devem passar para não sofrer penalidades) em três Olimpíadas: Em Atenas-2004 e Londres-2012, obteve resultados pouco expressivos, mas em Pequim-2008 conquistou o feito mais marcante de sua nação na história dos jogos.
Ao todo, 21 competidores disputam, com a soma de duas descidas, 15 vagas para a semifinal, onde podem fazer o percurso uma única vez, buscando uma das 10 vagas para a grande final da prova, onde realizam mais uma vez o percurso. A soma dos tempos da semifinal e final definem os medalhistas.
Na primeira bateria, o togolês fez a prova em 90s17, penúltimo tempo, ficando à frente apenas de um competidor macedônio. Precisaria melhorar seu tempo em pelo menos quatro segundos para se classificar à fase seguinte. Surpreendentemente, fez o percurso em 82.09, melhor tempo da segunda bateria, e obteve a 8ª colocação na primeira fase.
Nas semifinais, mais surpresas. Conseguiu realizar o tempo de 86s08 em sua única tentativa, obtendo a 1ª colocação nas semifinais, apenas um centésimo mais rápido que o australiano Warwick Draper, sendo intensamente aplaudido pelo público presente.
Foi para a derradeira prova com a vantagem, e, ao fim das contas, obteve o terceiro melhor tempo somado entre a semifinal e a final, quase 2s atrás do alemão Alexander Grimm, que levou o ouro, e apenas 15 centésimos atrás do francês Fabien Lefèvre, favorito da disputa, que acabou ficando com a prata.
Após quebrar seu remo durante a comemoração, era o mais efusivo e saltitante entre os participantes do pódio, e ergueu sua medalha de bronze e as flores entregues pelos organizadores em direção à arquibancada, onde uma solitária bandeira de Togo tremulava nas mãos de um torcedor.
Apesar da nacionalidade, o atleta, que tinha 27 anos à época, só havia visitado o Togo uma vez na vida, quando ainda era um bebê, e era pouco conhecido do público local até receber a medalha.