África Hoje: Evento no Rio terá exibição de filmes e debate sobre racismo

0
227

africa hojeCom informações do MAR 

Rio – Localizada na Zona Portuária do Rio de Janeiro, também conhecida como África Pequena – por ser habitada por remanescentes dos quilombos que havia na região –, a Escola do Olhar, do Museu de Arte do Rio – MAR, apresenta África Hoje no MAR. Com curadoria de Antônio Pinto Ribeiro, professor-associado na Universidade Católica de Lisboa e curador do Programa Gulbenkian Próximo Futuro, o programa acontece ao longo de 2014 compreendendo uma série de atividades com a proposta de apresentar toda a diversidade – de pessoas, etnias, regimes políticos – do continente africano, demonstrando a grandeza de sua produção artística e massa crítica intelectual. A primeira delas será a Semana Lilian Thuram, que acontece entre 11 e 15 de março.

Thuram, ex-jogador da seleção francesa de futebol – campeão do mundo em 1998, campeão da Europa em 2000 e vice-campeão do mundo em 2006 –, vem se dedicando ao trabalho a favor da educação contra o racismo. “Lilian Thuram é uma personalidade fantástica, e, em sua Fundação (Fondation Lilian Thuram), trabalha com investigadores, antropólogos e historiadores, realizando palestras em escolas e universidades sobre a questão do preconceito racial”, conta o curador, justificando a presença do atleta no programa. Durante sete dias, Thuram participará de uma intensa programação que inclui uma conferência, encontros com integrantes do movimento negro, estudantes universitários, alunos de escolas municipais, entre outras atividades.

Lilian Thuram
Lilian Thuram – Divulgação

Simultaneamente à visita de Thuram haverá a etapa inaugural da mostra de cinema Nova África.  O ciclo Primeiros filmes (Filmes fundadores do cinema na África), como o próprio nome diz, apresenta produções que deram início à história da sétima arte no continente e vai exibir quatro filmes. A mostra é composta por mais dois ciclos que acontecem ao longo do ano: As imagens da África hoje, com filmes que tratam das contradições do continente no período pós-colonialista; e Ciclo Mzansi – The Real South Africa, uma seleção realizada pela curadora Joan Legalamtlwa para ressaltar a riqueza do cinema sul-africano pós-apartheid.

Antônio Pinto Ribeiro acredita que o público vai se surpreender com o conteúdo da mostra. “As pessoas vão encontrar neste ciclo um cinema africano desconhecido até o momento, com muita história, excelentes realizadores e estéticas variadas. Elas vão entrar em contato com imagens nunca vistas desse continente”, comenta o curador.

O programa África Hoje no MAR terá mais duas etapas ao longo de 2014. A segunda abordará a literatura e a poesia para além dos autores conhecidos do grande público, enquanto a terceira levantará questões sobre as diversas etnias do continente. O museu fica na Praça Mauá, 5, Centro – Rio de Janeiro/RJ.

Aberto ao público:

11/03, às 19h30: Conferência pública Lilian Thuram. Teatro Maison de France (Avenida Presidente Antônio Carlos, 58 – Centro). Inscrições pelo site www.museudeartedorio.org.br.

12/03, das 14h às 16h: Encontro com pesquisadores das Universidades e estudiosos sobre o Racismo no Brasil. Auditório Museu de Arte do Rio.

Programação Fechada:

11/03, das 14h às 16h: Aula Lilian Thuram na Universidade das Quebradas. Auditório Museu de Arte do Rio.

12/03, às 10h: Visita ao Ginásio do Experimental Olímpico Félix Mielli Venerando. Bairro do Cajú.

13/03, das 10h às 13h: Visita a Pequena África – Cemitério dos Pretos Novos e Cais do Valongo. Região portuária do Rio de Janeiro.

13/03, das 14h às 17h: Liceu Francês.

14/03, das 10h às 12h: Entrega do Prêmio Comdedine para alunos e professores da rede municipal de educação conversa com professores sobre Racismo nas Escolas. Museu de Arte do Rio.

14/03, das 14h às 20h: Programa 100 anos Abdias do Nascimento – cerimônia de abertura e seminário. Cais do Valongo e sede da Ação da Cidadania.

15/03, das 13h às 17h: Visita ao Morro do Alemão encontro com jovens escritores negros. Morro do Alemão – FLUPP

Exibição de filmes

11/03 (Terça-feira), às 17h: AFRIQUE SUR SEINE (Paulin Soumanou Vieyra. França, Senegal I Ficção I 1955 I 21′). Auditório MAR. Retirada de senhas com 30 minutos de antecedência na bilheteria.

12/03 (Quarta-feira), às 17h: CASA DE LAVA (Pedro Costa. Portugal I Ficção I 1994 I 110′). Auditório MAR. Retirada de senhas com 30 minutos de antecedência na bilheteria do Museu.

13/03 (Quinta-feira), às 17h: ORFEU NEGRO (Marcel Camus. Brasil, França, Itália I Ficção I 1959 I 100′). Auditório MAR. Retirada de senhas com 30 minutos de antecedência na bilheteria do Museu.

14/03 (Sexta-feira), às 17h: KUXA KANEMA (Margarida Cardoso. Portugal, Moçambique I Documentário I 2003 I 90‘). Auditório MAR. Retirada de senhas com 30 minutos de antecedência na bilheteria do Museu.

15/03 (Sábado), às 14h: AFRIQUE SUR SEINE (Paulin Soumanou Vieyra. França, Senegal I Ficção I 1955 I 21′); CASA DE LAVA (Pedro Costa, Portugal, Ficção, 1994, 110′); ORFEU NEGRO (Marcel Camus Brasil, França, Itália, Ficção, 1959, 100′); Kuxa Kanema (Margarida Cardoso. Portugal, Moçambique. Documentário, 90‘).  Auditório MAR. Retirada de senhas com 30 minutos de antecedência na bilheteria do Museu.

AFRIQUE SUR SEINE – Paulin Soumanou Vieyra I França, Senegal I Ficção I 1955 I 21′

Em 1955, o realizador senegalês Paulin S. Vieyra e o Grupo Africano de Cinema (encabeçado por Paulin Vieyra), não tendo autorização para filmar no Senegal, rodaram o primeiro filme africano francófono “Afrique-sur-Seine”, em Paris. Realizado numa altura em que as personagens africanas estavam completamente ausentes ou eram visualmente marginalizadas nas produções cinematográficas francesas, “Afrique-sur-Seine” dava uma visão panorâmica da comunidade africana em França, onde o estatuto de imigrante dos protagonistas é uma característica determinante da sua identidade.

CASA DE LAVA – Pedro Costa I Portugal I Ficção I 1994 I 110′

”Casa de Lava” é talvez a mais completa e profunda obra das relações sempre esquivas e por resolver que Portugal tem estabelecido, e estabeleceu, com as suas colónias. A inconsciência aparente das imagens de ”Casa de Lava” revela a consciência profunda de um convívio que foi e é muito próximo, mas nunca de plena intimidade. Ou, então, a verificação instintiva de que essa intimidade é uma circunstância e um acaso, proporcionado por um aturado convívio, é certo, mas sempre fugidio e nunca atingível pela fixidez do cinema, a arte mais em mutação e em movimento que existe. Nada pode ser enunciado, tudo deve ser visto na linha do horizonte ou no instante em que acontece, eis o que mais uma vez nos parece dizer ”Casa de Lava”. Nada mesmo, nem sequer essa mistificadora ideologia da comunhão entre dois mundos como o português e o cabo-verdiano. ‘Quero morrer em Sacavém‘ é a terrível e derradeira frase do filme. É esta a imagem que eles têm de nós – talvez seja afinal aquela que nós lhes damos. Simétrico a este momento, temos o que é talvez o mais belo de «”Casa de Lava”, aquele em que tendo subido Inês à meia encosta do vulcão, estando ela a ouvir o velho violinista diante de uma mesa familiar, onde a refeição terminou, irrompe de repente a melodia de uma morna e já estão todos a dançar num plano que se fica sem perceber como entrou – ’Até as almas dançam’». José Navarro de Andrade (Colaboração: Cinemateca Portuguesa)

ORFEU NEGRO – Marcel Camus I Brasil, França, Itália I Ficção I 1959 I 100′

No Rio de Janeiro, Orfeu é um condutor de ‘bonde’, músico, e está noivo de Mira. Durante a semana do Carnaval, vê Eurídice, que fugiu da sua aldeia por medo de um perseguidor; é amor à primeira vista. A sua prima Serafina, em casa de quem ela fica no Rio, é amiga de Orfeu e Mira e, assim, os amantes destinados encontram-se de novo. Mais tarde, durante os festejos, usando a máscara de Serafina, Eurídice dança um samba provocador com Orfeu. Não só Mira fica enraivecida quando a rival é desmascarada, como é perseguida pela Morte: Eurídice está em perigo, perseguida através da multidão ruidosa e numa morgue.

KUXA KANEMA – Margarida Cardoso I Portugal, Moçambique I Documentário I 2003 I 90’

O início do cinema em Moçambique, a estratégia do cinema directo de Jean Rouch.

Com informações do MAR