São Paulo: universidade fará exibição e ciclo de debates sobre filmes moçambicanos

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banner unicampCampinas – A partir desta terça-feira (6 de maio), a Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, será palco de um ciclo de debates e exibição de filmes sobre Moçambique. Os diretores das obras participarão da iniciativa chamada Karingana Wa Karingana (Era Uma Vez em changana, uma das línguas faladas em Moçambique).

Pensando na ideia: ‘que África é essa que o Brasil vê?’, a proposta do ciclo é trazer, a partir das produções de três moçambicanos (Isabel Noronha, Camilo de Sousa e Licinio Azevedo), uma diversidade pouco vista sobre a “África” no Brasil. Desta forma, os filmes mostram um contraponto da África mítica e a desconstrução da ideia de África como um espaço único, que desvaloriza a sua riqueza geográfica, cultural e étnica.

O evento, gratuito e aberto ao público, será realizado no Auditório 1 do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp todas as terças do mês de maio. Confira abaixo a programação e sinopse dos filmes:

– 06/05, 17h-19h: “Ngwenya, o crocodilo” (2007)

Era uma vez Xiluva, uma menina cujo destino foi mudado pela chegada à sua vida de Nospa, uma mulher Ronga, vinda de um universo mágico, que a embalou nas suas costas e compôs para ela uma canção mágica que a fez viver. Um dia Xiluva conheceu Cecília, filha de Malangatana, viu os seus desenhos e achou que era ele quem poderia traduzir em palavras esse universo sensorial a que sabia pertencer, mas não podia nomear. Malangatana prometeu-lhe que, quando ela crescesse, iria levá-la a conhecer esse lugar mágico onde tudo está inscrito, sem precisar de palavras para se escrever.

Trinta anos depois, a viagem prometida começa: partem juntos à procura das chaves para a compreensão do universo que faz de Malangatana quem ele é. Durante essa viagem a tela de Malangatana percorre memórias sensoriais e histórias de infância, medos noturnos e histórias míticas, lembranças eróticas e histórias de fogueira, refletindo, cada dia, os contornos oníricos e as infinitas cores do seu Palácio Sagrado: Ele mesmo. Mais do que um filme sobre a vida e obra de Malangatana, este filme é uma viagem ao universo de um Homem que, não só se tornou um mito, como criou, mais do que uma linguagem artística própria, uma verdadeira Língua para escrever um mundo inscrito dentro de si.

90 min. De Isabel Noronha.

– 13/05, 18h-20h: “Desobediência” (2002)

“Desobediência” conta a história de Rosa, camponesa moçambicana, que é acusada de ter causado o suicídio do marido. Dizem que ela tem um “marido-espírito” que a levava a desobedecer ao marido verdadeiro. Numa carta descoberta durante as cerimônias fúnebres, e que é lida diante de todos os presentes, o suicida determina que os cinco filhos que teve com Rosa sejam entregues ao seu irmão gêmeo, para não viverem com a mulher que arruinou a sua vida. Para provar a sua inocência, recuperar os filhos e os poucos bens que o casal possuía, Rosa submete-se a dois julgamentos: o primeiro num curandeiro, o segundo num tribunal. Nos dois julgamentos ela é absolvida. Porém, para que um segredo da família seja preservado, Rosa tem de ser culpada. E os familiares do morto vingam-se dela de uma maneira atroz.

92 min. De Licinio Azevedo.

– 20/05, 17h-19h. “Sonhos guardados” (2004) e “Mãe dos Netos” (2008)

Em “Sonhos guardados” faz-se as seguintes perguntas: quem guarda os sonhos dos que nos permitem sonhar? De onde vêm e quem são estes homens quase invisíveis que, do lado de fora das nossas casas, guardam o sono e nos permitem sonhar? Que sonhos são os que por eles próprios guardam e partilham entre si nas noites de insônia obrigatória, à luz da fogueira, entre o medo, o frio, o silêncio da noite e a vontade de ver mais uma madrugada chegar?

30 min. De Isabel Noronha, produção de Camilo de Sousa e Licinio Azevedo.

“Mãe dos netos”, é uma das inúmeras histórias resultantes do drama do HIV/AIDS em Moçambique que, inexoravelmente, vai rasgando o tecido familiar, criando um vazio de figuras adultas e deixando nas mãos dos idosos o cuidado de um sem número de crianças. Usando como técnica uma mistura de animação e documentário, este pequeno filme narra a história de Vovó Elisa cujo filho e as respectivas oito esposas faleceram, deixando ao seu cuidado 14 crianças. 7 min. De Isabel Noronha.

– 27/05, 17h-19h. “Fronteira de amor e ódio” (2009) e “Caminhos do ser” (2007)

“Fronteira de amor e ódio” trata da onda de violência que eclodiu em 2008, inesperadamente, na África do Sul, país que alberga um grande número de emigrantes dos países vizinho. Cerca de 50 pessoas foram mortas incluindo moçambicanos e até sul-africanos. Milhares foram feridos. Cerca de quatro mil viram as suas casas serem queimadas. Eles perderam todos os seus pertences e foram forçados a fugir sem nada. 30min. De Camilo de Sousa.

“Caminhos do Ser” narra a história de quatro irmãos, todos rapazes, que tendo ficado órfãos de pai e mãe, são rejeitados pela comunidade, que associa a morte dos seus pais a um caso de feitiçaria. Vivem, pois, completamente sozinhos, fazendo o papel de pai e mãe uns dos outros, tendo apenas como guia e alento para continuar os seus estudos, aprender uma profissão e cuidar com zelo da machamba (horta) e de todas as tarefas domésticas, a memória infantil dos ensinamentos dos seus pais.

11 min. De Isabel Noronha.

Serviço: A UNICAMP fica na Rua Barão Geraldo, Campinas – SP, 13083-970a 

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