Por Rafaela Egg, Por dentro da Sul
A leitora Rafaela Egg compartilhou a sua experiência na Cidade do Cabo com os leitores do Por dentro da África. Natural de Brasília, ela escolheu a África do Sul para viver há três anos.
Knysna – Vivo em uma cidade na famosa Garden Route, Knysna, a 500 Km da Cidade do Cabo. Estive na Cidade do Cabo nove vezes e, a cada vez, não deixo de me surpreender com sua beleza. É uma cidade que, arrisco dizer, agrada a gregos e troianos.
Explico-me. Para quem gosta de praias e não tem medo de água gelada (a corrente do Atlântico é implacável por lá), a cidade oferece praias diversas, como Muizenberg, Clifton, Camps Bay, Llandudno. Algumas próprias para surf!
Para quem gosta de cultura, a cidade oferece museus históricos como Iziko Slave; galerias de arte como a National Gallery entre outras espalhadas pelos bairros de Observatory e Woodstock; uma cena teatral interessantíssima no legendário Fugard Theatre. É sempre bom ficar de olho nas atrações musicais. Para quem quer aprender mais sobre a história do país, uma visita à Robben Island (onde Mandela ficou preso) traz o gosto amargo do apartheid.
Para quem gosta de vinho, Cape Town é o lugar certo. É a Meca! Stellenbosch e Paarl (localizadas a menos de 2 horas da cidade) oferecem uma infinidade de vinículas, com excelentes restaurantes. O conselho é não ir dirigindo para poder aproveitar bem as degustações, acessíveis a preços módicos. Foi na Simonsig que tomei o melhor vinho da minha vida com a minha mãe: Red Hill, autêntico Pinotage.
Para quem assistiu ao filme Sugar Man e se encantou com a primeira cena que se passa em uma estrada, não pode deixar de fazer a Chapman’s Peak drive, considerada uma das 10 estradas mais bonitas do mundo.Claro que o tempo tem que cooperar!
Como se não bastassem todas essas opções, há lugares absolutamente compulsórios: a famosa Long Street, repleta de restaurantes, cafés e bares e onde a vida noturna acontece; Company Gardens, sede original da Companhia das Indias Orientais (onde ficam a National Gallery e o Iziko Slave Museum, entre outros pontos históricos); Green Market, adjacente a Company Gardens, mercado com produtos locais de artesanato – sugiro pechinchar by the way; Simon’s Town, famosa pelos pinguins na praia; Kalk Bay, um dos meus lugares favoritos da cidade, onde o Olympia Cafe é obrigatório; o Jardim Botânico, Kirstenbosch, deleite para alma e espírito…
Por fim, mas não menos importante, sugiro a Table Mountain, que está para Cidade do Cabo, assim como o Cristo para o Rio, a Torre Eiffel para Paris, o Big Ben para Londres. A dica é não compar o ingresso com antecedência, pois, devido ao tempo instável (vento e neblina), não é incomum que o teleférico fique fechado mesmo em um dia de sol. Sugiro então que o/a turista se informe e visite a Table Mountain na primeira oportunidade. A vista é deslumbrante!!!
É facil de se locomover na Cidade do Cabo. Para os/as mais corajosos que encaram dirigir na mão inglesa (se eu consigo, qualquer pessoa pode), a cidade é muito bem sinalizada. Outra opção são os ônibus vermelhos, double decker, que passam pelos principais pontos turísticos de Cape Town, você pode descer em uma parada e pegar outro ônibus.
A diversidade local é fascinante: além de brancos e negros, a cidade tem uma população malaia (Cape Malay) importante, devido aos/às escravos que foram “trazidos” da Malásia. O Bo Kaap, quarteirão malaio, traz opções de restaurantes típicos.
Embora a Cidade do Cabo seja um universo em si mesma, é um pedacinho da África do Sul. Combinar uma visita à cidade com outros lugares como o Kruger Park é uma boa opção. Como o Brasil, o país possui uma diversidade regional, geográfica, histórica, cultural riquíssima. E nós sabemos muito pouco.
O apartheid é a ponta do iceberg deste país infinitamente complexo e belo. Para os/as mais interessados, sugiro ler sobre sua história. A biografia do Mandela, Longa Caminhada até a Liberdade (Long Walk to Freedom), é um bom começo. Filmes como Zulu Dawn dão um vislumbre vivo das narrativas locais.
De toda maneira, não há como ir para a África do Sul sem conhecer a Cidade do Cabo. É um daqueles lugares que a gente vai embora com a sensação de que quer voltar. É bom sair da nossa tradicional zona de conforto cultural e histórica, expandir os horizontes e incluir outros destinos para além da habitual Europa, América do Sul etc. Nada melhor do que começar pela Cidade do Cabo!
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