Natalia da Luz, Por dentro da África
Rio – Uma lenda que virou filme, peça de teatro, espetáculo de dança em todo o mundo leva um pouco da África para diferentes culturas. Kiriku (ou Kirikou) conta a história de um recém-nascido superdotado que sabe falar, andar e correr. Ele é o salvador de sua aldeia, ameaçada pela feiticeira Karabá.
Ainda no ventre da mãe, kiriku ordena o seu nascimento e sua mãe diz que, se ele pode pedir para nascer, é porque tem capacidade para realizar isso sozinho. Em resposta, o menino nasce, corta seu próprio cordão umbilical e diz: “Meu nome é Kiriku”
A criança é bem pequena e nem sequer chega aos joelhos de um adulto, mas a sua coragem parece ser maior do que a de todos os adultos juntos. Ao longo do conto, é possível ver inúmeras referências à cultura da África Subsaariana como as vestimentas, a musicalidade, a relação com a natureza…
– Com o olhar espiritual, a lenda inteira traz referências, como exemplo, ao baobá, que é cultuado como uma árvore sagrada, conhecido como “a única árvore que nasce de cabeça pra baixo”! Creio que a lenda ficou conhecida por dois motivos principais: porque agrada muito as crianças de todas as nacionalidades e porque os adultos também aprendem com ela – conta em entrevista ao Por dentro da África Mario Tenório, psicanalista e especialista em Lendas Africanas.
Assista ao filme dublado abaixo
http://www.youtube.com/watch?v=x-DgTQiHKdE
Diferentemente de muitas histórias de guerreiros africanos, Kiriku não é forte, não anda armado, não comanda um exército. A sua coragem é acompanhada de doçura, paz, tranquilidade. Ele não usa roupas enquanto a sua oponente Karabá é banhada de jóias, malícia e poder.
Mario acredita que, nas lendas em que surgem líderes tribais, o importante é que um guerreiro seja inteligente e calmo para sempre voltar bem de suas empreitadas…
Encontro com Karabá
Logo após o nascimento de Kiriku, seu tio vai até a feiticeira para exigir o fim de suas maldades contra a aldeia. Kiriku insiste em acompanhá-lo, mas ele não permite a presença do sobrinho, que se esconde em seu chapéu. Disfarçado, Kiriku consegue salvar o tio de uma morte certa.
O pequeno guerreiro é movido pela curiosidade, pela energia e deseja saber o motivo de tanta maldade. Em uma dessas tentativas, a bruxa tenta matá-lo, mas ele foge. Um dia, com a ajuda da mãe, ele arma um plano para visitar o sábio da montanha e aprender mais sobre a feiticeira.
Kiriku descobre o motivo de tanta maldade de Karabá e a liberta da maldição quebrando os feitiços que ela fizera contra a sua aldeia. No filme, dirigido por Michel Ocelot (1998), é possível enxergar altruísmo, astúcia, perdão, a importância da coletividade e do amor na aldeia de Kiriku.
Mario Tenório, que elege o nascimento de Kiriku como um dos momentos mais marcantes da história, utiliza o filme em seu curso de ensinamentos sobre lendas africanas para que seus alunos abordem questões sobre a própria espiritualidade.
Por dentro da África