Episódio #9 – Filosofia africana do Ntu e direitos biocósmicos, com Bas’llele Malomalo

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No episódio n.º 9, o Por Dentro da África Podcast conversou com o professor congolês Bas’llele Malomalo, docente na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e coordenador do grupo de pesquisa África-Brasil.

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O professor é doutorado em Sociologia e desenvolve atualmente os seus estudos pós-doutorais na Unesp. Com vários artigos científicos publicados, Malomalo é uma referência na filosofia africana e na visão desta sobre os direitos da natureza, também conhecidos como direitos biocósmicos. 

Segundo o investigador, a filosofia africana assim como a ética do ‘Buen Viver’ implementada na Bolívia e no Equador, na América Latina, idealiza uma unidade plural e de conexão da vida que é uma alternativa ao modelo de desenvolvimento vigente.

O trabalho de Bas’Ilele Malomalo assenta nas contribuições de vários teóricos africanos como Tshamalenga Ntumba também da RDC que apresenta o conceito de bisoidade — de cuidado para com o outro, para com a natureza, com o universo e o divino –, e o sulafricano Mogobe Ramose que defende a filosofia Ubuntu.

Voltando até às contribuições das antigas civilizações como a egípcia, o professor Malomalo resume a filosofia africana da seguinte forma: o ‘Ntu’ é a energia, a força vital – a vida – e compreende três comunidades: a ancestral, a natureza/universo e as pessoas (Ubuntu). “Ubuntu não é humanismo africano, é a cosmovisão africana. Ramose vai dizer que ubuntu é uma dimensão ontológica, epistemológica e ética”, explica Malomalo.

Olhar a vida sobre este prisma, é olhar o real total afirma o professor Malomalo e seguir um caminho de interdependência que não contempla a exploração nem do homem nem da natureza, mas sim uma relação recíproca de respeito mútuo.

Esta abordagem já centraliza o debate sobre os direitos da natureza e do desenvolvimento sustentável de grandes fóruns de discussão como as Nações Unidas, mas da teoria à prática ainda há muito por fazer.

Por várias razões, o próprio continente africano, e a RDC em particular, desconectaram-se destes paradigmas filosóficos. As guerras e as explorações de recursos e o seu impacto negativo nas sociedades africanas obrigam, por isso, a uma reflexão profunda também por parte destes cientistas.

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