Joanesburgo – Há 26 anos, após um regime de segregação racial instaurado em 1948, a África do Sul realizou a sua primeira eleição democrática. O apartheid, que dividia a sociedade a partir da cor da pele, foi, durante décadas, combatido dentro e fora da África do Sul. Em 27 de abril de 1994, o país apelidado de “nação do arco-íris” pelo Nobel da Paz Desmond Tutu, começou a escrever um novo capítulo da sua história elegendo Nelson Mandela como presidente.
O que significa o Dia da Liberdade?
De acordo com o governo sul-africano, o dia “marca o fim de mais de 300 anos de colonialismo, segregação e governo da minoria branca e o estabelecimento de um novo governo democrático liderado por Nelson Mandela, com um novo Estado e nova Constituição. “
Veja mais: “Mandela foi a face da revolução sul-africana”
Durante o apartheid, os negros representavam quase 80% dos sul-africanos, obrigados a viver em pouco mais de 10% das terras, mais secas e precárias da rica África do Sul. Os antigos lares nos bairros mais centrais foram obrigatoriamente trocados pelas townships, áreas precárias das cidades. Além disso, os negros só poderiam transitar com um passe (dompas), revogado em 1986. Os que não possuíam o documento estavam sujeitos à prisão imediata.
Veja mais: “Sul-africanos precisam de reconciliação”, diz antropólogo no Dia da Liberdade
Na saúde, quando precisavam de atendimento médico, brancos eram atendidos em hospitais com padrão europeu, enquanto negros sofriam com falta de recursos. Na educação, a criança negra custava ao governo um décimo da branca e, mais tarde, nas universidades, o espaço novamente era dos brancos.
No transporte, ônibus para negros e brancos paravam em pontos diferentes, os trens lotados e mal-acabados eram dos negros. No entretenimento, as melhores praias, piscinas públicas, cinemas, restaurantes e bibliotecas ficavam com os brancos.
Conheça a Robben Island, onde Mandela ficou preso por 18 anos
Na celebração dos 22 anos de democracia, é possível ver que o país segregado e legalmente repartido ficou para trás, foi combatido. Longe do apartheid, o Dia da Liberdade de 2016 incorpora lutas ao seu significado combatendo a pobreza, o racismo, o sexismo e outras formas de discriminação.
Veja o Especial Nelson Mandela
*(Esse post foi publicado em Por dentro da África em 2019 e possui um pequeno trecho de reportagem especial de Natalia da Luz para o Jornal do Brasil, em 2010)