Menino de Rua
Sou um menino pobre de rua que caiu do céu.
Sem paternidade e que não conhece seu próprio nome.
Que caminha inconsciente sobre o céu das calçadas.
Com roupas rasgadas pelas mãos da chuva.
Vendo outros meninos ricos limpos e bem vestidos.
Sou um menino triste e solitário de rua.
Triste com seu corpo.
E solitário com sua alma.
Que nasceu com as mãos vazias e sem amor.
E cresceu com os olhos cegados pela dor.
Quem me dera se eu tivesse uma casa no planeta Júpiter.
Quem me dera se eu tivesse um brinquedo com quatro volantes.
Quem me dera se tu não me desprezasses Moçambique.
Sou a rebelião de um menino de rua endurecido pela dor na alma.
Sou a negação um menino de rua forjado de sofrimento.
Que a miséria apaga todos sonhos no coração.
Morgado Mbalate, poeta moçambicano
Por dentro da África