As belezas da saída de ìyàwó no candomblé

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exto de Gill Sampaio Ominirò e fotos de Roger Cipó* cedidos ao Por dentro da África 

Foto de Roger Cipó
Foto de Roger Cipó

A esteira, as contas, os pés no chão, o pano branco: elementos e gestos em amálgama que sistematizam um processo denso de auto-reflexão. A saída de ìyàwó* celebra um mergulho profundo no qual o iniciante passa à condição de iniciado e se torna um consagrado ao òrìṣà.

Foto de Roger Cipó
Foto de Roger Cipó

O candomblé é uma religião iniciática, fato que a coloca num patamar bastante diferenciado de outras religiões, as quais carecem apenas de auto-declaração ou um levantar de mão para angariar adeptos.

No candomblé, é preciso mergulhar profundamente no que, em yorubá, chamamos de igbó ikú – a floresta da morte. Uma consagração que requer interesse, predestinação, desprendimento do que é mesquinho e desapego do que é apenas material.

Um processo que carece de fé em Deus (Olódùmarè) e nas divindades (Òrìṣà), criadas por ele para nos conduzir nestas amarguras da vida terrena.

Pelo processo da iniciação no candomblé, o iniciado terá agora uma nova vida, na qual a dignidade, o caráter sólido, a paciência e o respeito aos mais velhos serão os fios condutores da sua nova existência para a consecução do seu crescimento espiritual.

Na série “Igbó Ikú – a Floresta da Morte”, o fotógrafo Roger Cipó revela as belezas de alguns desses “mergulhos”, numa tentativa de desconstruir estereótipos intolerantes criados acerca da imagem e vida de candomblé.

 

Foto de Roger Cipó
Foto de Roger Cipó
Foto de Roger Cipó
Foto de Roger Cipó

*Palavra de origem iorubá que designa os filhos de santo no candomblé já iniciados
*Gill é pesquisador e criador da A Ìwé Ìmọ̀ – Candomblé sem Segredos – A série de registros foi realizada pelo fotógrafo Roger Cipó.