Três dias depois da entrada em vigor do Acordo de Paris para o clima, a Conferência de Marrakesh, que começa nesta segunda-feira (7) no Marrocos, dará aos Estados-membros das Nações Unidas e ao mundo a oportunidade de impulsionar o combate às mudanças climáticas e fortalecer a resposta global a essa ameaça.
“Nosso desafio é sustentar o impulso que levou o acordo a entrar em vigor”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a jornalistas na sede da ONU em Nova York na sexta-feira (4), onde se reuniu com representantes da sociedade civil e agradeceu a todos por sua “visão, coragem, persistência e liderança, que tornou este dia possível”.
Adotado pelos 196 países da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em dezembro, o Acordo de Paris pretende fortalecer a resposta global para a ameaça das mudanças climáticas mantendo a elevação da temperatura global neste século bem abaixo dos 2 graus Celsius, acima dos níveis pré-industriais, e com a meta de limitar esse aumento a 1,5 grau Celsius.
Em outubro, o acordo atingiu o patamar mínimo necessário para entrar em vigor em novembro, de 55 países representando 55% das emissões globais. A aplicação do pacto foi extremamente rápida, particularmente para um acordo que demandava grande número de ratificações e dois critérios específicos.
O acordo entrou em vigor às vésperas da Conferência de Marrakesh (COP22), no Marrocos, onde ocorrerá a primeira cúpula das partes que assinaram o acordo, em 15 de novembro. Antes de a reunião ser encerrada em 18 de novembro, as partes definirão as regras para o pacto e entregarão um plano viável para fornecer ao menos 100 bilhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento, com o objetivo de apoiá-los no combate às mudanças do clima.
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“A Conferência da ONU sobre a mudança climática de Marrakesh é um próximo passo crucial para os governos que buscam operacionalizar o Acordo de Paris adotado no ano passado”, disse a secretária-executiva da UNFCCC, Patricia Espinosa.
Enquanto o Acordo de Paris abriu um claro caminho e um destino final em relação à decisiva ação pelo clima, muitos dos detalhes sobre como a comunidade internacional deve proceder ainda precisam ser definidos.
“Este é um momento de celebração, mas também a ocasião de refletir sobre as tarefas à frente e um momento no qual os governos devem se comprometer novamente a uma nova agenda de implementação rápida, sem deixar de fornecer o adequado apoio a países vulneráveis, para que estes possam tomar suas próprias ações”, disse Espinosa.
“Com a entrada do acordo em vigor pouco antes da conferência, o diálogo e as decisões em Marrakesh têm imenso potencial de acelerar e amplificar a imediata resposta ao desafio reconhecido no Acordo de Paris. Esta reunião é, portanto, muito importante”, completou.
Ela encorajou os governos a trabalharem juntos no mesmo espírito bem sucedido dos últimos anos. “Também encorajo os líderes dos setores público e privado e cada cidadão a acompanhar os procedimentos da Conferência de Marrakesh para entender como podemos agir e contribuir para encarar os desafios globais das mudanças climáticas e do desenvolvimento sustentável”, acrescentou.
O presidente designado da COP22, Salaheddine Mezouar, ministro das Relações Exteriores e de Cooperação do Marrocos, disse: “Marrakesh será o ponto de inflexão da COP”. “Além de nos movermos adiante em importantes áreas de negociação, a ação está tomando mais espaço e criando uma ponte tangível entre nossa visão de um futuro melhor e a implementação de projetos concretos para o clima”.
A COP22 incluirá diversas reuniões e eventos de alto nível, com a participação de dezenas de chefes de Estado e de governo, na terça-feira (15). Outros eventos envolvem encontros de ministros sobre financiamento climático, assim como reuniões temáticas como Dia da África, Dia da Justiça Climática, Dia da Educação, Dia do Gênero, Dia dos Agricultores e Dia dos Jovens e das Gerações Futuras.
“Continuamos correndo contra o tempo. Mas com o Acordo de Paris e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o mundo passa a ter os planos dos quais precisa para fazer a mudança para um caminho resiliente e de baixa emissão”, disse o secretário-geral da ONU na sexta-feira.