Ed Mulato
Volúveis como nuvens
num céu de intenso verão
fecham-se caminhos diversos,
que nunca mais se usarão.
… e lá se vão, ávidos, os homens preparados para a guerra,
construindo, sem pedras, novas Torres de Babel,
que os leva cada mais longe, e sempre mais, da Terra,
mas não os aproxima, nunca mais do céu.
… e lá estão, destruídas, desprezadas pela terra
as torres montadas longe, lá ao léu:
entulhos, monturos de orgulhos, engulhos
agora poeiras – mortalhas amargas de fel.
Esgarçando o manto imenso,
nuvens negras, todas juntas:
não haviam mais respostas
para inúmeras perguntas.
No peito ferido dos horrores,
a dor de não ter dores,
o nada de ser nada;
a esperança de ter tudo,
totalmente desmanchada…
Estamos como as pedras:
expulsos da Terra pela primeva combustão,
rolando pelos montes, pelas serras,
no momento exato da primeira Criação.
Meramente unidos numa gota que se perde
na ponta de um galho qualquer,
eternamente vertida, não se rende
a um resto sujo de orvalho, sequer.
Porque, em nossa cor, que residia
nossa força, resistindo
na ponta de nosso punho cerrado
nosso orgulho, maculado
aos poucos desmanchou-se,
e foi-se indo…!!!
Por dentro da África