África em Verso: “Pintando Verbo Da Mente aos Pés”, por Manuel de Sousa

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Foto: Vasco Mendes – Benguela. Angola


“Pintando Verbo Da Mente aos Pés”

Pinta-se com os pés e com as mãos atadas

Esculpe-se tudo com os olhos fechados e abertos

Molda-se paradoxos feitos de muita lata

Transforma-se o surreal em abstracto e concreto

Formam-se figuras com barro avermelhado

Trabalha-se formatações feitas de pedaços de memórias

Cinzelam-se e martelam-se rochas e ligas metálicas

Apesar de muito tempo já não há tempo

Atravessa-se esta terra para voltar ao início

Ama-se tudo o que se vê e é invisível

Ignora-se a auto ignorância de forma ignorante

Desconhece-se muita coisa por vontade disso

Esconde-se a sombra de um dia claro à tarde

Abre-se o portal para visões ainda na penumbra

Pisoteia-se o sinal dos próprios passos

Disfarçam-se as pegadas deixadas para trás

Pula-se ao pé-coxinho a olhar para o íntimo

Vá quem vá lá à frente para contar o que sente

Grite em alerta máxima a avisar quem cá está

Fiquemos todos juntos em espirito e carne

Só dispersemos angústias perto do fim da pintura…

Escrito em Luanda pelo poeta angolano Manuel de Sousa,

em Homenagem aos que transformam este Mundo através da Arte da Pintura e da Modulação e da Escultura