“Pintando Verbo Da Mente aos Pés”
Pinta-se com os pés e com as mãos atadas
Esculpe-se tudo com os olhos fechados e abertos
Molda-se paradoxos feitos de muita lata
Transforma-se o surreal em abstracto e concreto
Formam-se figuras com barro avermelhado
Trabalha-se formatações feitas de pedaços de memórias
Cinzelam-se e martelam-se rochas e ligas metálicas
Apesar de muito tempo já não há tempo
Atravessa-se esta terra para voltar ao início
Ama-se tudo o que se vê e é invisível
Ignora-se a auto ignorância de forma ignorante
Desconhece-se muita coisa por vontade disso
Esconde-se a sombra de um dia claro à tarde
Abre-se o portal para visões ainda na penumbra
Pisoteia-se o sinal dos próprios passos
Disfarçam-se as pegadas deixadas para trás
Pula-se ao pé-coxinho a olhar para o íntimo
Vá quem vá lá à frente para contar o que sente
Grite em alerta máxima a avisar quem cá está
Fiquemos todos juntos em espirito e carne
Só dispersemos angústias perto do fim da pintura…
Escrito em Luanda pelo poeta angolano Manuel de Sousa,
em Homenagem aos que transformam este Mundo através da Arte da Pintura e da Modulação e da Escultura