África em Verso: “Mãe”, por Mário Lopes

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Uíge, Angola – Registro do leitor Agostinho Santos — em Angola.

Mãe

Mário Lopes 

Caminharei para ti e por ti sem temer

as agruras da vida, sombras e pontes inseguras do destino,

Caminharei, porque assim me ensinaste a arte de viver

a forma de amar e o sentido de ser.

Contra as curvas dos dias

brota no meu peito a saudade

e o romper do desespero.

E assim, de braços cruzados e impotentes,

perante as emoções sóbrias e descontentes

a inquietação dos pesadelos da vida,

a boca da noite me atormenta

com as lembranças de como é viver e sentir uma despedida.

Destino, não me censure

somente porque a minha vida

é o reencontro da tua presença,

Entre o canto e sangue que chora.

Mãe , é o amor presente

com a presença plural de afagos,

que marcha em frente

mesmo que o destino caminhe,

tecendo a vida na voz e ao sabor do vento,

Ela traz o alento dos dias a doçura da noite cantante.

É no amor dela, onde o desespero da terra se ausenta!