Por Gabriel Ambrósio, Por dentro da África
Ouro Preto – Em janeiro de 2015, enquanto visitava Ouro Preto, em Minas Gerais, encontrei um informativo sobre a história do Chico Rei. E, logo, pensei o que já se tem dito sobre as várias figuras negras no Brasil. Chico Rei, como é conhecido pelos “historiadores”, era da etnia Kikongo ou Mukongo (Muxikongo – aquele que é da terra dos kongos). Rei era o africano de origem Bantu (Bakongo).
Quando fora trazido para terras brasileiras, como “um humano escravizado”, ele se transformou em Soba, em Ouro Preto. Soba na cultura Bantu, é uma autoridade que comanda um grupo de homens ou mulheres. Ekanda dya Ntinu- a família do rei, na língua kikongo.
O reino do Kongo abrangia os territórios onde hoje estão Angola, Gabão, República Democrática do Congo e República do Congo. Em sites de informações sobre Chico Rei, há informações distorcidas, principalmente porque não contextualizam a região geográfica do antigo reino do Kongo.
Então, se os historiadores começam a descrever a origem do Chico Rei, poderiam saber que, se Chico Rei era “escravo” proveniente do antigo reino do kongo, estaria a falar a língua Kikongo, sendo a língua falada nos territórios que herdaram a cultura do antigo reino do kongo. Mas, no folheto sobre a história do Chico Rei, aparece o yorubá, uma língua mais falada na África Ocidental, principalmente na Nigéria e Togo.
Alguns historiadores afirmam que Chico Rei é proveniente de Reino do kongo. Logo, não podemos julgar correto ao incluírem Chico na parte ocidental africana. Vejamos ou pensemos na dificuldade em entender a história dos afro-brasileiros quanto às origens continentais.
Nisso, reconheço que, a história dos negros no Brasil é constituída pelas misturas de etnias e linhagens. Aqueles homens e mulheres trazidos para terras brasileiras não saíam do mesmo lugar especificamente. Ou seja, alguns saíram da África Central, uns da África Ocidental. As misturas entre os povos negros continuou, por isso, a cultura afro-brasileira, em termos de religião, música e cultura tem sido misturada.
Gabriel Ambrósio, “Mavenda Nuni yÁfrika” cronista, poeta e contista. Autor do livro Áfricas Ocultas, 2015.