Gabriel Ambrósio, Por dentro da África
Luanda – Meu Natal tem origem faraônica, dos faraós até os bantus, antes de chegar em terras brasileiras. As águas vinham do Nilo até o Amazonas para mergulhar no Eufrates. Bem depois apareceu o “Papai Noel”. Todos se espelham nas tradições europeias, mas eu vou à fonte beber água mais saudável. Aquela que é consagrada pelos imperadores, rainhas e princesas.
Os presentes distribuídos foram folhas, artigos e livros com histórias, muitas histórias. O banquete reuniu kambas como Núbio, Fortunato Isidoro, Eduardo Tien Amorozo, Aratum, Gomes, Kassoum Diêmé, Smart Isaac, Kwame Atunda, Luanda, Gilza, Marcus Garvey, Cheikh Anta Diop, Frantz Fanon, Lélia, Neusa Santos, Malcolm X, Abdias, Obenga, Teiser Grass, Nietzsche e Buda.
Os coros e os músicos eram pássaros Sankofa e Umbi-umbi com dançarinos de flores Welwitchia do deserto de Angola. Assim, todos os pássaros, agora misturados com borboletas, estão na segurança do planeta.
Descobriram um Natal diferente, feito de linguagens artísticas que nem imaginavam. Nossos presentes chegaram às comunidades do Mali, Zimbábue, Maranhão e Angola. A ceia de reflexões e debates alimentou estômagos.
Estou pensando no Kwanza, ancestral do Natal e vendo os perdidos voando sem asas. Nós, não estamos festejando, pois o meu sangue está no fim igual ao sul de Angola. Estou de volta aos bantus para meditar com as comunidades bakongo, tchokwe, umbundo, nganguela e deixar mensagens sobre a vinda de filhos de Áfrika.