Nesta sexta-feira, o escritor e historiador Joel Rufino dos Santos faleceu deixando obras de imenso prestígio, principalmente, sobre o estudo da cultura africana no país. Vencedor do Prêmio Jabuti de 1979 e 2008 e do Prêmio Orígenes Lessa de 2000, Rufino teve complicações após uma cirurgia cardíaca realizada no dia 1º de setembro, no Rio de Janeiro.
O escritor nascido em 1941, no Rio de Janeiro, era doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde lecionou Literatura. Como escritor tem extensa obra publicada que abrange livros infantis, didáticos, paradidáticos e outros. O escritor também foi representante do Brasil no Comitê Científico Internacional da UNESCO para o Programa “ Rota dos Escravos “.
Entre muitas de suas obras e contribuições para a história do Brasil, Rufino escreveu Zumbi, 1985, Abolição, 1988 e Atrás do muro da noite: dinâmica das culturas afro-brasileiras (com Wilson dos Santos Barbosa), 1994. Além dessas, o historiador também ficou conhecido por obras como O dia em que o povo ganhou, 1979, O que é racismo, 1982 e Carolina Maria de Jesus-uma escritora improvável, 2009
Biografia disponível no site do autor:
Desde criança se encantava com as histórias que a sua avó Maria lhe contava e as passagens da Bíblia que ouvia. Junto com os gibis, que lia escondido de sua mãe, esse foi o tripé da paixão literária do futuro fazedor de histórias. Seu pai também teve um papel nessa formação, presentando-o com livros que Joel guardava em um caixote.
Ainda jovem, mudou-se com a família para o bairro da Glória e pouco depois entrou para o curso de História da antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, onde começou a sua carreira de professor, dando aula no cursinho pré-vestibular do grêmio da Faculdade.
Convidado pelo historiador Nelson Werneck Sodré para ser seu assistente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros ( ISEB ), lá conviveu com grandes pensadores, e foi um dos co-autores da História Nova do Brasil, um marco da historiografia brasileira.
Com o golpe de 1964, Joel, por sua militância política, precisou sair do Brasil, asilando-se na Bolívia, depois no Chile. Com o exílio, não só interrompeu a sua vida acadêmica, como também não participou do nascimento do seu primeiro filho, que se chama Nelson em homenagem ao seu mestre e amigo.
Voltando ao Brasil, viveu semi-clandestino, e foi preso 3 vezes. Na última , cumpriu pena no Presídio do Hipódromo ( 1972-1974 ). As cartas, muitas, que escreveu para Nelson, foram, mais tarde, publicadas no livro “Quando eu voltei, tive uma surpresa”, considerado o melhor do ano(2000 ) para jovens leitores.
Com a aprovação da Lei da Anistia, foi re-integrado ao Ministério da Educação e convidado a dar aulas na graduação da Faculdade de Letras e posteriormente na pós-graduação da Escola de Comunicação, UFRJ. Obteve, da Universidade, os títulos de “ Notório Saber e Alta Qualificação em História” e “ Doutor em Comunicação e Cultura”. Recebeu também, do Ministério da Cultura, a comenda da Ordem do Rio Branco, por seu trabalho pela cultura brasileira.
Como escritor, Joel é plural. Escreveu inúmeros livros para crianças, jovens e adultos. Ficção e não ficção. Ensaios, artigos , participação em coletâneas. Recebeu, como autor de livros para crianças e jovens, vários prêmios, tendo sido finalista do Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil.