Por dentro da África
No Dia internacional das Parteiras, celebrado em 5 de maio, Por dentro da África lembra a importância dessas mulheres com um registro da Guiné-Bissau através do olhar, sorriso e mensagem de Antonieta, 48 anos, da etnia manjaca.
“As mulheres de Cacheu são batalhadoras, pegam nas katanas para afastar o mato até abrir suas pontas, suas quintas nas comunidades. Tudo aquilo que entra no lumo de Cacheu é através do trato de mulheres. São mulheres de luta de cada dia. O que sinto no meu coração, neste tempo de trabalho [a maternidade] é minha casa. Para a Casa das Mãe de Cacheu, quero comida para essas mães e um sítio para ecografia e médico gineco-obstetra para Cacheu, e de outra parte, quero Deus que tudo desenvolve”, disse a parteira, coordenadora da maternidade de Cacheu.
Antonieta foi uma das entrevistadas e participantes da pesquisa de Lilian Galvão, psicóloga e doutoranda em Estudos Africanos (ISCTE-IUL) que realiza uma investigação sobre as representações sociais das mulheres de Cacheu, Guiné-Bissau.
Em seu estudo, Lilian aborda a concepção, gestação, parto, além de buscar identificar, se aproximar, ouvir e dar voz e visibilidade às parteiras e matronas guineenses da região de Cacheu e tabancas do entorno.
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Toda essa entrega, toda essa relevância ganhou destaque em 2020, escolhido como o ‘Ano da Enfermeira e da Parteira’ pela Organização Mundial de Saúde em conjunto com o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) na 72ª Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, Suíça. A pesquisadora acredita que as parteiras (os) realizam um trabalho nobre, pois carregam em si qualidades transdisciplinares.
“Vemos isso quando elas se ocupam no pré-natal, parto e puerpério não só com a dimensão física mas, no cuidado com a gestante e a puérpera consideram o psiquismo, emoções e dinâmicas sociais e culturais das mulheres”, contou Lilian.