Rio – Após o início da estação chuvosa (que vai até outubro) no leste do Chade, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) corre contra o tempo para atender dezenas de milhares de refugiados e repatriados que haviam sido temporariamente realocados para fugir dos confrontos em Darfur, no Sudão.
Desde o início de março, cerca de 50 mil civis sudaneses, chadianos e centro-africanos cruzaram a fronteira para o Chade. Os refugiados são, em sua maioria, mulheres e crianças, sendo 40% delas menores de cinco anos. Como não há hospital em funcionamento da região de Tissi, equipes de MSF estão trabalhando para oferecer cuidados de saúde primária e emergenciais aos refugiados e à população do Chade. Uma ala de emergência foi estruturada na cidade de Tissi para tratar pacientes feridos, crianças com menos de cinco anos e gestantes.
Nas últimas quatro semanas, a equipe de MSF realizou cerca de 7 mil consultas na região. As principais causas de morbidade observadas são doenças diarreicas e infecções respiratórias. Além disso, 32 mil crianças com menos de 15 anos foram vacinadas para conter uma epidemia de sarampo.
A organização furou seis poços no norte de Tissi para fornecer água à população, já que, com o início das chuvas, o acesso à água limpa e potável tem enorme importância. Em algumas localidades, como Saraf Bourgou, ao norte da cidade de Tissi, repatriados do Chade deixaram a região e retornaram aos seus vilarejos de origem. Mas os refugiados sudaneses estão em posição mais precária. Segundo Stefano Argenziano, coordenador geral de MSF, as condições de saúde da população estão em risco de potencial deterioração devido ao acesso limitado à água, alimentos e abrigo.
– Nós continuaremos oferecendo cuidados de saúde a refugiados e repatriados em Tissi, mas isso será um desafio”, disse Stefano em comunicado.
MSF pede que o governo do Chade, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a comunidade humanitária garantam, durante toda a estação chuvosa, a segurança e o suporte contínuo aos refugiados e repatriados que se instalaram em localidades por 100 km na fronteira do Chade.