Mogadíscio – Após atuação na Somália desde 1991, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou o encerramento de todos os seus programas no país. A atitude é resultado de ataques violentos contra suas equipes.
Em alguns casos, grupos com os quais a MSF deve negociar as garantias mínimas de respeito à missão médico-humanitária, participaram dos abusos contra a organização. Segundo a MSF, suas ações e tolerância diante da situação impediram o acesso de centenas de milhares de civis somalis à ajuda humanitária.
Os incidentes mais recentes envolveram o assassinato brutal de profissionais de MSF em Mogadíscio, em dezembro de 2011, e a subsequente libertação do seu assassino condenado; e o violento rapto de dois membros da equipe do campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, que teve um desfecho apenas em julho, após 21 meses de cativeiro no centro-sul da Somália.
Esses dois incidentes são apenas os mais recentes de uma série de abusos extremos. Quatorze outros membros da equipe de MSF foram assassinatos e a organização vivenciou dezenas de ataques dirigidos ao seu pessoal, às ambulâncias e instalações médicas desde 1991.
– Ao escolher matar, atacar e sequestrar profissionais de ajuda humanitária, esses grupos armados, e as autoridades civis que toleram suas ações, selaram o destino de incontáveis vidas na Somália – ressaltou Dr. Unni Karunkara, presidente internacional de MSF.
A organização encerrará seus programas médicos por todo o país, incluindo a capital, Mogadíscio, e os subúrbios de Afgooye e Daynille, bem como Balad, Dinsor, Galkayo, Jilib, Jowhar, Kismayo, Marere e Burao. Mais de 1.500 profissionais ofereciam uma ampla gama de serviços, incluindo cuidados de saúde primária gratuitos, tratamento para desnutrição, saúde materna e campanhas de imunização.
Somente em 2012, as equipes de MSF realizaram mais de 624 mil consultas, internaram 41.100 pacientes em hospitais, trataram 30.090 crianças desnutridas, vacinaram 58.620 pessoas e assistiram 7.300 partos.