O número de casos confirmados de Covid-19 em África aumentou para mais de 10 mil e causou mais de 500 mortes. Embora o vírus tenha atingido lentamente o continente em comparação com outras partes do mundo, a infecção cresceu exponencialmente nas últimas semanas e continua a propagar-se.
O primeiro caso em África foi registrado no Egito, em 14 de fevereiro, a partir de viajantes que regressavam de focos de infecção na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Desde então, um total de 52 países, até o dia 7 de abril, notificaram casos. Inicialmente, principalmente confinados às capitais, um número significativo de países em África estão agora a notificar casos em múltiplas províncias.
“A Covid-19 tem o potencial não só de causar milhares de mortes, mas também de desencadear uma devastação econômica e social. A sua propagação para além das grandes cidades significa a abertura de uma nova frente na nossa luta contra este vírus”, afirmou o Dr. Matshidiso Moeti, Director Regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, lembrando que a situação exige uma resposta descentralizada, adaptada ao contexto local.
A OMS está a trabalhar com os governos de toda a África para aumentar as suas capacidades em áreas críticas de resposta, tais como coordenação, vigilância, testes, isolamento, gestão de casos, rastreio de contatos, prevenção e controlo de infecções, comunicação de riscos e envolvimento da comunidade, e capacidade laboratorial. Gana, Quênia, Etiópia, Egito, Marrocos, Tunísia e Nigéria alargaram os testes nacionais a múltiplos laboratórios, permitindo a descentralização dos mesmos.
Estas medidas combinadas garantirão a rápida identificação dos casos, a localização e quarentena dos contatos e o isolamento e tratamento dos doentes. É também crucial que as pessoas disponham de informações precisas que promovam comportamentos saudáveis. A proteção dos profissionais de saúde é uma componente vital da resposta e, quando os governos implementam medidas de distanciamento físico, devem ser tidas em conta as necessidades básicas das pessoas.
“A África ainda tem uma oportunidade de reduzir e retardar a transmissão de doenças. Todos os países devem acelerar e intensificar rapidamente uma resposta global à pandemia, incluindo uma combinação adequada de medidas comprovadas de saúde pública e de distanciamento físico. No âmbito desse processo, os Estados-Membros devem visar o controlo efetivo do surto, mas planear o pior”, afirmou o Dr. Ahmed Al-Mandhari, Diretor Regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental.
De acordo com o dirigente, o isolamento precoce de todos os casos, incluindo os casos ligeiros, é uma das principais medidas de controlo, juntamente com a detecção precoce, o tratamento precoce e o rastreio dos contatos. Dados epidemiológicos oportunos e precisos são uma das ferramentas mais importantes para informar e impulsionar a resposta.
Existe preocupação quanto ao impacto da pandemia em países com sistemas de saúde frágeis e em países com situações de emergência complexas. A comunidade internacional deve alargar o apoio técnico e financeiro a estes países, a fim de reforçar as capacidades de resposta para minimizar a propagação do surto. Alguns países em África podem não dispor de capacidade adequada de unidades de cuidados intensivos, tais como camas, ventiladores e pessoal com formação.
É fundamental que os países façam tudo o que estiver ao seu alcance para evitar que este surto se agrave ainda mais. Isto significa uma forte resposta de saúde pública por parte de todos os ramos do governo e de todos os setores da sociedade. A OMS está a trabalhar em toda a África para fornecer equipamento essencial, formar profissionais de saúde, clínicos e funcionários públicos sobre a melhor forma de responder à pandemia.