Brasil e ONU divulgam iniciativas de cooperação que levaram o Fome Zero para a África

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FP is providing meals to schools in Mali to ensure children get the calories and nutrition they need while giving them an added incentive to keep coming to class. Photo: WFP/Daouda Guirou

Com informações da ONU

Em evento paralelo à plenária do Comitê Mundial de Segurança Alimentar — instância das Nações Unidas que coordena os debates sobre fome e nutrição e que se reuniu na semana passada, em Roma —, representantes da ONU e do Brasil apresentaram iniciativas de cooperação Sul-Sul que adaptaram com sucesso o programa brasileiro Fome Zero ao contexto de países africanos.

O diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), José Fernando Costa Neto, destacou a importância de associar a produção de agricultores familiares ao oferecimento de refeições em centros de ensino.

Segundo ele, um programa de alimentação escolar que adquire comida diretamente da agricultura familiar garante alimentação mais saudável para as crianças e gera renda para os pequenos produtores locais.

Costa Neto lembrou que, com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), “o Brasil possui parceria com o Centro de Excelência contra a Fome, com o qual estamos trabalhando com 26 países na África e dois na Ásia para apoiar os governos nacionais e criar, desenvolver e aperfeiçoar seus programas nacionais de alimentação escolar, com o fortalecimento da ligação com a compra local dos pequenos agricultores”.

“Percebam que a história da alimentação escolar no Brasil é muito semelhante à história da alimentação escolar em muitos países da África, Ásia e América Latina e Caribe”, acrescentou.

Representantes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do PMA e do — também participaram do encontro “Conectando agricultores familiares a mercados institucionais”.

Mais da metade da população mundial enfrenta desnutrição

Durante a abertura da plenária do Comitê, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, alertou que “mais de metade da população mundial sofre de uma ou mais formas de desnutrição”. “Nossos sistemas alimentares claramente falham em prover dietas saudáveis às pessoas”, ressaltou.

Segundo a diretora adjunta do PMA, Elisabeth Rasmusson, “devemos renovar nossos esforços para construir sistemas alimentares mais sustentáveis, com maior capacidade de resistir às mudanças nos padrões climáticos e aos eventos extremos e de responder às necessidades nutricionais”. Combate à fome deve incluir contenção de riscos para tornar a produção de comida mais resiliente aos “choques do clima”.

“Precisamos fazer mais, melhor e mais rápido, e todos juntos, para transformar áreas rurais em lugares onde as pessoas podem levar vidas plenas e planejar um futuro melhor. Onde todas as 3 bilhões de pessoas da zona rural possam se adaptar às mudanças climáticas. Onde cada dia comece e termine com acesso à alimentação nutritiva”, enfatizou o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo F. Nwanze.

O Comitê das Nações Unidas é estruturado de modo a permitir que participantes da sociedade civil, do setor privado, de outras agências da ONU, de instituições financeiras internacionais, de órgãos de pesquisa e outros atores não estatais tenham voz nas decisões políticas.

O encontro da semana passada marcou a 43ª plenária do organismo e bateu um recorde de participação com mais de 1,4 mil inscritos. As deliberações ocorreram dos dias 17 a 21 e incluíram eventos paralelos e um fórum sobre urbanização, tema considerado pelo PMA como cada vez mais relevante para a segurança alimentar e a nutrição.