São Paulo – Ela é exemplo de luta não apenas contra a guerra, mas por uma África que almeja a democracia. A caminho deste futuro, visto por ela como promissor, Leymah Gbowee, Prêmio Nobel da Paz 2011, acredita que a participação das mulheres africanas é decisiva.
– Não é possível acabar com a fome no mundo sem a habilidade das mulheres. Elas precisam ser ouvidas porque são elas as mais atingidas pela fome – contou a ativista durante o debate “A democracia, a paz e a justiça social no Brasil e na África” com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizado em São Paulo, nesta quarta-feira.
O encontro “Um mundo sem fome: estratégias de superação da miséria”, promovido pela Carta Capital em parceria com o Instituto Lula, também reuniu a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello e o ex-coordenador sub-regional para a África Oriental e representante da FAO na Etiópia, Mafa Shipeta. Os dois últimos abordaram O papel dos programas sociais no combate à fome e à miséria no Brasil e na África.
Sobre a cooperação com o continente africano, o ex-presidente Lula fez um alerta para que os brasileiros não repitam os erros dos colonizadores.
– Nós temos que mostrar como é possível fazer e permitir que eles façam sozinhos, com suas próprias experiências. A África sabe muito bem como cuidar do seu nariz. Precisamos dar aos africanos a oportunidade de resolverem seus próprios problemas.
Ainda sobre o relacionamento com os países que estão além das fronteiras africanas, Gbowee afirmou que tem muitas críticas para quem vai à Africa sem a sensibilidade para compreender a realidade local.
– Se não olharmos para as habilidades locais dos africanos, a ajuda de fora será inútil – contou a ativista, ressaltando que as mulheres também devem ser ouvidas.
Vencedora de diversos prêmios de Direitos Humanos e do Nobel da Paz de 2011, ao lado da atual presidente da Libéria Ellen Sirleaf, e da ativista iemita Tawakkul Karman, Gbowee foi ouvida. Em 2003, como líder de um grupo de ativistas, ela propôs a abstenção sexual, uma greve de sexo que ajudou a pôr fim à Segunda Guerra Civil da Libéria (1999 a 2003).
Com manifestações diárias, ela conseguiu chamar a atenção do ex-presidente Charles Taylor (acusado pelo Tribunal Especial para Serra Leoa por ter cometido crimes contra a humanidade durante a Guerra Cilvil da Libéria). Para ela, o melhor resultado desta atitude foi propagação da voz das mulheres e a ratificação de sua força para o futuro do continente.
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