Leitor-repórter: No Quênia, uma visita ao santuário da conservacionista Joy Adamson

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Foto: Elsa Conservation Trust
Foto: Elsa Conservation Trust

Por Andre Araújo, Por dentro da África

(André é estudante de Serviço Social da UFF)

Nairóbi, Quênia – O Quênia é conhecido como o melhor país da África quando o assunto é safári, mas é também um país abençoado em termos de ativistas lutando pela natureza. Alguns dos mais famosos vivem ou viveram no Quênia como Daphene Sheldrick, Kuki Gallman, Joan Root, George e Joy Adamson.

Durante a minha viagem ao Quênia, eu não poderia deixar de visitar a casa da ativista Joy Adamson, famosa pelo filme “A História de Elsa”, baseado no livro Born Free.

Joy Adamson foi uma das conservacionistas mais conhecidas de todos os tempos. Nascida na Republica Tcheca em 1910, ela escolheu o Quênia como sua segunda casa, onde viveu até a sua morte.

Joy e o marido George Adamson foram os responsáveis pela conservação de algumas reservas africanas, numa época em que caçadores somalis agiam com frequência.

Santuário de Joy - Foto: Andre Araújo
Santuário de Joy – Foto: Andre Araújo

Foi durante esse período que eles acolheram três filhotes orfãos de uma leoa que havia sido morta por caçadores. Um dos filhotes recebeu o nome de Elsa. Surgia assim uma bela amizade entre a conservacionista e a leoa, que cresceu ao lado dela às margens do lago Naivasha.

De volta à vida selvagem 

Quando Elza cresceu, Joy e o marido decidiram reintroduzir o animal na vida selvagem, tendo um grande êxito. Logo fizeram o mesmo com outros animais como leões, leopardos e guepardos acolhidos pelo casal.

George se tornou um especialista no assunto, tendo sido o responsável pela reintrodução do leão Christian. Há um vídeo no youtube que fez o maior sucesso mostrando o reencontro do leão com seus antigos donos. Os dois irmãos ingleses, que haviam comprado o Christian ainda filhote decidiram devolvê-lo à vida selvagem quando ele ficou adulto.

Andre em visita ao santuário de Joy - Foto: Andre Araújo
Andre em visita ao santuário de Joy – Foto: Andre Araújo

Nesta época, Joy lançou o livro Born Free relatando sua convivência ao lado de Elsa. O livro fez tanto sucesso que Joy se tornou uma celebridade e logo produziram o filme “A História de Elsa”, ganhador de vários prêmios internacionais.

Outros filmes, documentários e diversos livros mostraram a dedicação de Joy aos animais, um deles o guepardo Pipa. Porém, a figura doce de Joy parecia esconder outra face marcada pela agressividade… Pessoas que conviveram com ela, descreviam a ativista como uma mulher de temperamento difícil, obcecada pelos animais. Segundo os funcionários, Joy costumava gritar com seus subordinados e, raramente, convivia com George.

O conservacionista Tony Fitzjohn, que trabalhou com George durante 18 anos, descreveu Joy como uma “mulher terrível”. Verdade ou lenda, é inegável a importância dessa mulher que chamou atenção do mundo para a preservação da vida selvagem no Quênia em um período onde as leis para punir caçadores eram quase inexistentes.

Joy alavancou  a imagem do país como um paraíso selvagem, provavelmente influenciando no turismo queniamo em virtude dos  seus livros e filmes.

Em janeiro de 1980, uma tragédia abalou o mundo dos que lutavam pelos animais: Joy foi assassinada a facadas por um ex-funcionário, acusado de furto por ela. Anos depois, a  bela e espaçosa casa em frente ao lago Naivasha tornou-se um museu dedicado a sua vida e obra e uma guest-house.

Santuário de Joy 

O refúgio onde Joy Adamson viveu por longos anos impressiona! A vista para o maior lago do Quênia é fantástica. Há um belo jardim onde macacos recepcionam os visitantes na esperança de ganhar alguma guloseima, visto que o almoço é servido nos jardins. Fotografias são proibidas no interior da casa, mas neste site (http://www.fatheroflions.org/ElsamereInterior.html) é possível saber como era a casa nos anos 80 e de lá pra cá pouca coisa mudou.

No interior da residência há um pequeno museu mostrando livros traduzidos em diversos idiomas, pinturas e fotografias raras, além de uma loja de souvenirs exibindo postais e publicações.

Land Rover em exibição - Foto: Andre Araújo
Land Rover em exibição – Foto: Andre Araújo

Na lateral da casa, está exposto o Land Rover usado por George na ocasião em que ele foi assassinado em 1989, quando tentava impedir o ataque de somalis a um grupo de turistas. O jeep, embora reformado, ainda preserva as marcas de bala. Este é o site do santuário! 

Visitar a casa onde Joy viveu até os seus últimos dias é se sentir parte da vida de uma mulher que mostrou a sua história para o mundo e pagou um preço alto por isso.

 

Por dentro da África