Comores protege biodiversidade e envia alerta global sobre crise climática

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Boundouni Lake in Moheli Park, the first nature reserve in the Comoros Archipelago

Com informações do UNDP

O arquipélago das Comores, no Oceano Índico, desempenha um papel de peso na preservação ambiental global. Reconhecido como um dos 25 maiores pontos críticos de biodiversidade do planeta pela Conservation International e listado pelo World Wide Fund for Nature entre as 35 regiões mais críticas para a conservação, o país abriga ecossistemas únicos que influenciam não apenas a África, mas todo o equilíbrio climático mundial.

Para as autoridades locais e organizações internacionais, proteger essa biodiversidade vai muito além de uma questão nacional. “O que as Comores fazem para preservar seus ecossistemas tem impacto direto no resto do continente, na Ásia e além”, destacam representantes da ONU, lembrando que a conservação da natureza e o combate às mudanças climáticas são inseparáveis.

Parcerias para uma transição ecológica

O governo das Comores assumiu compromissos ambiciosos no Plano Comores Emergente 2030, que prevê reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 23% e aumentar a capacidade de absorção de CO₂ em 47% até o fim da década. A estratégia conta com apoio de parceiros como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

Essas parcerias combinam conservação ambiental com desenvolvimento econômico sustentável, incluindo ações na chamada economia azul e verde, turismo responsável, pesca sustentável e acesso universal à água potável.

O sucesso do Parque Nacional de Moheli

Um exemplo emblemático é o Parque Nacional de Moheli, primeira área protegida do país. Criado com apoio do PNUD e do GEF, e posteriormente fortalecido pela AFD, o parque levou a Ilha de Moheli a ser reconhecida como Reserva da Biosfera pela UNESCO em 2020.

Hoje é o principal ponto de desova de tartarugas marinhas no mundo. A conservação do parque é também resultado direto do engajamento comunitário, que em 2002 recebeu o Prêmio Iniciativa Equador por seu trabalho exemplar.

Thousands of green turtles nest each year on the five beaches that make up the Itsamia coastline in Moheli Park.

Projetos para um futuro sustentável

Atualmente, três grandes projetos sustentam a estratégia de conservação: o Projeto de Biodiversidade PNUD/GEF, o Projeto Ilha Azul e Verde (BGI) e o Projeto ULANGA MALI, financiado pela União Europeia via AFD. Eles visam proteger ecossistemas-chave, transformar setores como turismo e produção de alimentos e integrar o país à Grande Muralha Azul, iniciativa continental que busca criar oportunidades econômicas sustentáveis ligadas ao oceano.

Desafios persistentes

Apesar dos avanços, os desafios são enormes. Nos últimos 20 anos, Comores perderam 28% de sua cobertura florestal, e áreas costeiras estratégicas recuaram até 30 metros devido à erosão. O país enfrenta ainda impactos de desastres naturais e mudanças climáticas que ameaçam tanto a biodiversidade quanto a subsistência das comunidades locais.

Ainda assim, o trabalho conjunto entre população, governo e parceiros internacionais mostra que soluções concretas são possíveis — e que proteger as Comores é proteger também o futuro ambiental de todo o planeta.

Islets of Nioumachoi, Moheli, Comoros

Comores
Localização: Arquipélago no Oceano Índico, entre a costa leste da África e Madagascar.
População: Cerca de 900 mil habitantes
Capital: Moroni, localizada na Ilha de Grande Comore
Línguas oficiais: Comorense (Shikomori), Francês e Árabe.