Falando a representantes de governos no início de junho, na sede da ONU em Genebra, a chefe humanitária das Nações Unidas na República Centro-Africana, Najat Rochdi, afirmou que a frequência e a brutalidade dos ataques nas cidades de Bangassou, Bria, Arlindao e outras localidades atingiram os maiores níveis desde agosto de 2014.
Os conflitos entre a coalizão rebelde Séléka, majoritariamente muçulmana, e a milícia anti-Balaka, de maioria cristã, mergulharam o país de 4,5 milhões de pessoas em um conflito civil desde 2013.
Agentes humanitários enfrentam desafios de segurança e logísticos para alcançar as pessoas em necessidade, além da escassez de financiamento. A ONU pediu cerca de 400 milhões de dólares em nome da comunidade humanitária para atender as necessidades do país. Por enquanto, apenas cerca de 25% foi recebido, de acordo com o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Desde que os conflitos entre os rebeldes se intensificaram, em maio, mais de 68 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas na República Centro-Africana. Dessas, 20 mil solicitaram refúgio na República Democrática do Congo.
Nas últimas semanas, ataques de grupos armados resultaram em deslocamentos nas províncias de Bria, Bangassou e Basse-Kotto. Muitas dessas pessoas estão desabrigadas ou instaladas em alojamentos improvisados. Apenas em Bria, mais de 41 mil se deslocaram e, segundo relatos, centenas de civis foram mortos.
O recente surto de violência também está forçando pessoas a cruzarem a fronteira para as províncias Bas Uele e Ubangi, na República Democrática do Congo. Aproximadamente 20,5 mil centro-africanos se deslocaram entre as últimas duas semanas, de acordo com as estimativas. As equipes do ACNUR atenderam uma parte dos recém-chegados, enquanto os outros foram assistidos pelas autoridades locais.
Existem 503 mil deslocados internos na República Centro-Africana. Antes do último fluxo, existiam pouco mais de 102 mil refugiados centro-africanos registrados na República Democrática do Congo.