Fernando Guelengue, Por dentro da África
Luanda – Dentre os 17 ativistas angolanos condenados por crimes de rebelião e associação de malfeitores, dois deles, Sedrick de Carvalho e Benetido Jeremias “Dito”, disseram que pensaram em desistir da luta.
Jeremias explicou que pensou em tirar a própria vida após perder a esperança em deixar a prisão. Os ativistas foram presos no dia 20 de junho de 2015 e liberados em 29 de junho do ano seguinte.
“Achei que esse fosse o melhor caminho porque não sabia muita coisa dos meandros das detenções. Eu estava sendo perseguido bem antes daquele dia. Seria uma maneira de dar fim aos maus-tratos que os meus companheiros estavam enfrentando”, disse Dito em entrevista após coletiva de imprensa realizada em Luanda, no dia 17 de agosto.
O ativista lembrou que o momento mais complicado que ele viveu foi quando fez duras críticas ao presidente da República (José Eduardo dos Santos) durante um encontro acadêmico no município de Belas. Na ocasião, ele foi perseguido por agentes do Serviço Secreto.
O ativista conta ainda que, graças aos seus companheiros de cela, ele conseguiu se recuperar para suportar a prisão e refletir sobre a ideia de acabar com a vida.
Sedrick de Carvalho, outro ativista que viu na frustração a fonte de inspiração para desistir de lutar lembrou que, durante todo processo de detenção e julgamento, ele e os companheiros foram torturados psicologicamente.
“Havia um nível de tortura permanente, desgaste emocional e muita pressão, mas a frustração é que me levou a tentar tirar a minha própria vida sem pensar nas consequências.”, contou o jornalista do Folha 8 e coordenador do site desportivo O Golo, sustentando que a sua filha e a esposa foram a razão para ele ter mudado de opinião.
-Para suportar tantas barbaridades do regime precisamos nos unir, juntar energia para que consigamos fazer de Angola uma nação democrática – completou Sedrick.