Com informações da Baobá Comunicação
O Quilombo de Camburi abrigou, no início de sua ocupação, vários núcleos de escravos fugidos de fazendas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa história é lembrada no livro O Litoral em Dois Tempos: uma viagem em torno do relatório da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo – de Santos a Ubatuba – 1915 – 2015, da Editora Neotropica.
Durante a Colônia e o Império, a fuga em massa de escravos dava origem, quase sempre, à constituição dequilombos localizados, via de regra, em áreas de difícil acesso. A Ordem Real de 6 de março de 1741 definia quilombo como qualquer grupo escondido com mais de cinco escravos fugidos.
A região de Ubatuba e Paraty concentra diversas comunidades reconhecidamente remanescentes de quilombos, formadas, em sua maioria, por escravos fugidos das fazendas de café de São Paulo e do Rio de Janeiro no século XIX.
Atualmente, o quilombo de Camburi é constituído por 50 famílias, que totalizam cerca de 230 pessoas ligadas entre si por laços de parentesco, as quais ocupam a região há mais de 150 anos. A pesca é sua principal fonte de sobrevivência. Alguns moradores ocupam-se da fabricação artesanal de cestos e balaios, mas nem sempre conseguem comercializá-los, enquanto outros optaram por trabalhar na construção civil ou como caseiros em residências de veraneio.
Além de enfrentarem graves problemas de transporte, assistência médica e saneamento básico, os quilombolas de Camburi permanecem, desde a década de 1960, quando iniciaram seu processo de reconhecimento, sem titulação de suas terras e numa situação de indefinição territorial. Para lutar pela demarcação de seu território e por melhores condições de vida para seus moradores, foi fundada em 2001 a Associação dos Remanescentes de Quilombo do Camburi.
A obra – baseada na publicação da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo (CGGSP), em 1915, com fotografias em preto e branco realizadas por João Scarazzato, – refaz o caminho do viajante contemporâneo, cruzando a Serra do Mar, descendo à cidade de Santos e seguindo até Ubatuba. Na parte contemporânea, apresenta textos da pesquisadora Glória Kok e do escritor Alberto Martins, e tem como contraponto as fotografias coloridas de autoria de João Luiz Musa, registradas entre 2013 e 2015.