Cientistas coletam amostras vulcânicas na RD Congo com apoio da ONU

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 Vulcão Nyamuragira, República Democrática do Congo. Foto: ONU
Vulcão Nyamuragira, República Democrática do Congo. Foto: ONU

Rio – Atravessando nuvens de fumaça, um helicóptero das Nações Unidas transporta uma equipe de cientistas sobre o oeste da República Democrática do Congo (RDC), passando perto da cratera do vulcão Nyamuragira, um dos menos estudados e mais ativos da África, que ameaça transformar Goma em Pompeia [cidade do Império Romano destruída após erupção do vulcão Vesúvio].

A expedição, realizada no início de fevereiro, é uma faceta diferente da função de “proteção civil” para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no país (MONUSCO). O estudo tem como objetivo entender se o aumento da pluma do vulcão também está relacionado a um aumento dos volumes disponíveis de magma na superfície. Caso o resultado seja positivo, há mais chances de o vulcão entrar em erupção.

A expedição incluiu uma parada no Monte Nyiragongo, responsável, juntamente com Nyamuragira, pela maioria das erupções vulcânicas históricas da África. “Se dois vulcões entrassem em erupção sem um alerta da instituição científica local, certamente seria a catástrofe natural mais dramática nos últimos anos”, disse o principal cientista da expedição, Dario Tedesco.

Os cientistas passaram quatro horas coletando rochas e amostras de gás que serão analisadas na Itália. A equipe expressou preocupação sobre os potenciais perigos não apenas para Goma, mas para a terra debaixo dela e do Lago Kivu. O lago suprime concentrações subaquáticas de dióxido de carbono e metano. Caso Nyamuragira entre em erupção, o lago pode liberar uma nuvem letal de gás em toda a área, matando qualquer um que conseguisse escapar da erupção vulcânica.

Esse estudo – realizado pelo Observatório de Vulcões de Goma em parceria com as Nações Unidas, a Organização Internacional para as Migrações e Universidade de Nápoles II – é apenas um dos muitos apoiados pela MONUSCO para a utilização por agências humanitárias e autoridades sobre o Nyamulagira e o Monte Nyiragongo.

Além de prestar apoio logístico para a visita científica, a MONUSCO tem trabalhado com as autoridades locais para criar um plano de contingência, caso a área mais ampla tenha de ser evacuada rapidamente.
Desde 1880, o Nyiragongo e o Nyamulagira passaram por várias erupções. Em 17 de janeiro de 2002, o Nyiragongo derramou mais de 15 milhões de metros cúbicos de lava em Goma, destruiu cerca de 14 mil casas e forçou a fuga de aproximadamente 350 mil pessoas.

A RDC tem sido dilacerada por conflitos armados desde que se tornou independente da Bélgica, em 1960, mas com o apoio de uma série de missões da ONU a última década registrou progressos para a estabilidade.

Com informações da ONU