Romance do escritor angolano Uanhenga Xitu é publicado no Brasil

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Por dentro da África

A edição brasileira do romance ‘Manana’, de ‘Uanhenga Xitu’* (1924-2014), foi publicada em 31 de agosto. A obra ressalta a biografia do escritor angolano e faz uma análise sobre as relações de senioridade, o princípio da maternidade, a importância dos tios maternos nas sociedades matrilineares africanas e o protagonismo feminino através de Manana.

Uanhenga Xitu – Fundação Uanhenga Xitu

“É pelos olhos de Felito Bata da Silva, de seu nome completo, que somos conduzidos pelas teias urdidas entre campo e cidade e entre mundos tradicionais e impactados pelo colonialismo. É também Felito quem nos traz a construção de diferentes identidades da região de Luanda antes da luta armada de libertação”, descreveu a professora Ana Lúcia Sá.

A obra foi organizada pelo professor de história da África da UERJ, Washington Nascimento e conta com textos das pesquisadoras Ana Lúcia Sá (ISCTE-IUL) e Nathalia Rocha Siqueira (UERJ). Ao Por dentro da África, Washington lembra que Uanhenga Xitu é um escritor clássico da literatura angolana com obras que trazem aspectos da história de Luanda, de Angola e sobretudo dos falantes do kimbundu.

Uanhenga Xitu durante discurso da independência – Fundação Uanhenga Xitu

“Algumas das dimensões que ele trabalha são facilmente reconhecidas no Brasil, como as descrições que faz das práticas de cura Kimbundu, dos batuques, do sagrado africano e a importância da música brasileira (a exemplo do Noel Rosa) no cenário Luandense dos anos 1950-1960”, destaca Washington.

Nacionalista e militante anticolonial, Uanhenga foi preso pela polícia politica do regime fascista de Salazar (Portugal) em 1959, permanecendo desterrado no campo de concentração do Tarrafal (Chão Bom – Cabo Verde) entre 1962 e 1970. Ele também teve seus direitos políticos suspensos por 15 anos em Angola. Depois da independência do seu país, em 11 de novembro de 1975, o Uanhenga assumiu diversos cargos públicos como governador, ministro e embaixador. Na função de escritor, produziu obras como ‘O meu Discurso’ (1974), ‘Maka na Sanzala’ (1979) e ‘O ministro’ (1990).

Uanhenga Xitu durante discurso político no pós independência – Fundação Uanhenga Xitu

Para os interessados em conhecer e aprofundar os estudos sobre Uanhenga, o livro apresenta entrevistas e depoimentos que o angolano deu ao longo da vida,  além de listar uma série de estudos realizados por pesquisadores brasileiros e de outros países sobre sua obra literária e política.

Ela pode ser adquirida no site da Amazon

*Uanhenga Xitu é o nome Kimbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho