Angolanos vão às urnas para eleger novo presidente. O atual está há 37 anos no poder

0
371
especial-eleicoes-em-angola_03
Foto das eleições de 2002 – PNUD Angola

Por dentro da África

Luanda – Nesta quarta-feira, 23 de agosto, os angolanos vão às urnas para eleger o próximo presidente do país. Há 37 anos no poder, José Eduardo dos Santos se despede do cargo indicando João Lourenço, também do MPLA, partido que governa Angola há 42 anos. É esperado um número alto de abstenções assim como nas últimas eleições, em 2012, quando 37% dos eleitores deixaram de votar. Por dentro da África republicará a cobertura do Maka Angola nessas eleições presidenciais. Acompanhe na página angolana.

O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, durante a cerimónia realizada ontem de tomada de posse como Presidente da República, eleito no passado dia 31 de agosto, em Luanda, Angola, 27 de setembro de 2012. José Eduardo dos Santos torna-se Presidente da República por ter encabeçado a lista vencedora das eleições gerais, em que o MPLA, partido que lidera, obteve 71,84 por cento dos votos, seguindo-se a UNITA (18,66%) e a CASA-CE (6,00%). PEDRO PARENTE / ANGOP / LUSA
José Eduardo dos Santos – Foto de Pedro Parente / ANGOP

Pesquisa de opinião sobre as eleições

A previsão dos resultados eleitorais em agosto, encomendada pela Presidência da República, revela a vitória do MPLA (Movimento de Libertação de Angola), com apenas 38% dos votos, face à oposição. A UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) obtém 32% das intenções de voto, enquanto a CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola) segue colada à UNITA, com 26%. A FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) e o PRS (Partido de Renovação Social) ficam-se com apenas 1% do eleitorado cada. A categoria “outros partidos” recebe dois por cento das atenções, enquanto um por cento manifesta ser “impossível determinar” o partido em que votar.

A pesquisa foi realizada pela empresa brasileira Sensus, Pesquisa e Consultoria, nas 18 províncias do país. Ao todo, segundo os resultados a que o Maka Angola teve acesso, foram ouvidos 9155 indivíduos recenseados, classificados como eleitores “com diferentes níveis de escolaridade e de diferentes classes sociais”. A Sensus tem prestado serviços à Presidência de José Eduardo dos Santos, bem como ao MPLA e à Sonangol, desde 2012.

 

Gráfico-1-1A sondagem também indicou que 91% consideram que os dirigentes, nos seus atos governativos, apenas atribuem prioridade os seus interesses pessoais, em detrimento dos interesses do Estado e da população. Leia a reportagem completa aqui

Veja também: Aplicativo será usado para denunciar abusos e fraudes

Nesta eleições, para combater abusos e monitorar o pleito, os angolanos terão ao seu lado um aplicativo chamado zwela (significa fala em kimbundu), que será lançado na capital Luanda, neste sábado.

“Zuela ou zwela é uma ferramenta destinada a fortalecer a democracia e os direitos humanos,  envolvendo os cidadãos com o seu governo e a comunidade internacional. Ele permite aos usuários desempenhar um papel importante no processo político de seus respectivos países”, disse em entrevista exclusiva ao Por dentro da África, Domingos da Cruz, responsável pela apresentação do aplicativo em Angola.

Foto de Maka Angola - Protesto em Luanda
Foto de Maka Angola – Protesto em Luanda

Saiba mais aqui: Em Angola, o poder é visto como fonte de corrupção 

Em defesa da democracia, um ativista angolano passou a colecionar acusações e perseguições. A coragem de denunciar abusos por parte do governo e empresas levou Rafael Marques para a cadeia, mas ele não se calou. Em sua trajetória de luta pela dignidade de seus conterrâneos, o jornalista criou o Maka Angola, que expõe denúncias de violações de direitos humanos e corrupção em seu país.

– Em Angola, a corrupção governa a vida dos cidadãos, é ela que permite que os cidadãos possam ou não ascender. A nossa sociedade está desmoralizada, e a minha luta tem sido para que os cidadãos tenham conhecimento do que se passa e, sobretudo, que tenham consciência de que temos que mudar de atitude. Temos que deixar de pensar na corrupção como loteria, onde poucos ganham e quase todos perdem – disse Rafael Marques, em entrevista exclusiva ao Por dentro da África.