Um dia vi
um rio correndo na palma da minha mão.
Peguei nesse rio pensando
que de um lápis se tratasse.
E tentei escrever um poema na pele
de um beija-flor encostado ao chão.
Tentei fotografar a voz de uma borboleta,
mas só consegui beijar o corpo de uma luz.
Fiquei feliz por tentar construir uma casa
com poesia na imaginação.
Nesse dia, o pôr-do-sol se fez dentro de mim
e foi então que a minha alma passou a ser
a morada do ciclo do vento,
a morada para Mia Couto.
Poesia inspirada no livro Jerusalém, de Mia Couto
Jesusalém fala sobre Mwanito, sobre África, terra de guerra, solidão e encanto.
Poesia de Morgado Mbalate e pintura de João Timane