Com informações da Secretaria de Cultura da Bahia
O terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, localizado no bairro do Curuzu, em Salvador, é, de acordo com a Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA), o único da nação Jêje Savalu que mantém os ritos originais da linhagem, assim como o dialeto africano Ewe-Fon preservado nas expressões e cânticos da comunidade. Na última sexta (15), o templo religioso foi o primeiro a ser tombado com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Salvador (8.550/2014).
O evento de tombamento reuniu autoridades e povo de axé e foi realizado pela Prefeitura de Salvador com apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), que foi representada pelo presidente da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo.
“Considero esse tombamento duplamente importante. Primeiro porque é no Curuzu, que tem uma simbologia importantíssima, pois é o bairro mais negro da cidade de Salvador. Segundo, porque é um terreiro Jêje, ou seja, é uma das matrizes africanas não muito conhecidas e, às vezes, não muito reconhecidas pelo trabalho realizado. Então, isso faz com que esse reconhecimento patrimonial ganhe uma dimensão maior do a que já tem, que é o reconhecimento da importância da religiões de matriz africana e da sua contribuição ao processo civilizatório do Brasil”, disse Zulu.
Doté Hamilton, sacerdote do terreiro há mais de cinquenta anos, comemorou o tombamento. “Já viajei pelo mundo fazendo palestras e falando do que aprendi aqui nesse lugar. Hoje não tenho como esconder a emoção de ver salvaguardados os nossos 2400 metros quadrados”, discursou.
Aprovado por unanimidade na Câmara Municipal, o pedido de preservação do terreiro foi feito pela AFA, que alegou que o espaço enfrenta problemas com a manutenção das instalações físicas.