“Como a África pode conseguir o tipo certo de crescimento?”, por Mukhisa Kituyi

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Cidade de Cotonou
Cidade de Cotonou – Bruno Pastre

Por Mukhisa Kituyi, Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)

Apesar do crescimento global mais fraco, a África continua a crescer a um ritmo moderadamente rápido. O perigo é o tipo errado de crescimento: crescimento sem emprego que não reduz a pobreza rápido o suficiente. Esse crescimento é ameaçado pela insegurança alimentar, crise do ebola, pobreza, desigualdade, dependência de commodities, degradação ambiental e pela baixa integração do continente na economia mundial.

Conhecimento e inovação para superar esses desafios serão provenientes dos ganhos de produtividade que acompanham a criação de empregos de qualidade. Isso significa produção de artigos e serviços sofisticados. As economias africanas têm tido muito pouco deste tipo de criação de emprego, que  retém nossas capacidades produtivas da transformação das nossas economias. A realidade da “Africa Rising” resultou do aumento das exportações dos mesmos produtos que foram exportados décadas atrás e do crescimento das importações para alimentar um apetite de consumo em expansão.

O relatório da UNCTAD mostra que, para a sustentação do crescimento do emprego e a redução da pobreza no continente, será necessário aumentar o investimento – tanto privado quanto público – para conduzir a transformação estrutural. A qualidade de investimento também precisa melhorar. Embora a produtividade do capital tenha melhorado na África, a eficiência do investimento público é baixa. Garantir que o investimento vá para setores estratégicos e prioritários, como infra-estrutura, agricultura e manufatura é crucial.

 

O investimento nesses setores prioritários pode impulsionar o comércio africano através de uma estreita cooperação regional fiscal mais eficiente e alavancar a parceria público-privada. Os líderes africanos foram forjando um sonho pan-africano regional, mas vai demorar para transformar esses sonhos em ação. Os governos precisam superar medos de perder receitas fiscais através do declínio de tarifas e direitos aduaneiros a partir do desenvolvimento de uma base tributária mais ampla.

 

Há que se reimaginar o futuro da África aproveitando as oportunidades para aumentar a criação de emprego, o investimento produtivo e a cooperação regional hoje. Os custos do trabalho na Ásia estão aumentando, e as indústrias estão à procura de novas redes de produção. Há uma série de setores maduros para a colheita – desde a fabricação de peças de vestuário e  aparelhos eletrônicos básicos até produtos farmacêuticos.

Com a liderança e um pouco de imaginação, “Africa Rising” pode tomar posse de baixo para cima, através do investimento de qualidade, da cooperação regional, da melhoria da produtividade para levar prosperidade para todos os africanos.

Leia o artigo original aqui 

Por dentro da África